“A criação de Fundos Especiais de Investimento pode ser a solução de financiamento para as PME”

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Realizou-se mais um Fórum para a Competitividade desta feita sobre o tema “Mercado de Capitais e o Financiamento da Economia em Portugal”. O financiamento para as PME foi o mote deste seminário que contou com a presença do Prof. Manuel Rodrigues, Secretário de Estado das Finanças, entre outros. O Secretário de Estado realçou o facto de Portugal estar “dependente da banca comercial em cerca de 70% do seu financiamento, sendo muito difícil para as empresas serem competitivas já que esse custo é de mais 400 pontos base em relação às empresas alemãs”. Também algumas alterações no regime jurídico do papel comercial ou as obrigações para as PME são algumas das soluções apresentadas pelo Prof. Manuel Rodrigues para as empresas conseguirem mais financiamento.

Enorme alavancagem na banca

O painel constituído por Rui Ahrens Teixeira do Deustsche Bank, Paulo Gray do Stormharbour, Luís Laginha de Sousa da Euronext e Joaquim Luís Gomes da Comissão de Trabalho do Mercado de Capitais para o Fórum da Competitividade foi unânime ao afirmar que a enorme alavancagem da banca está a tornar o financiamento mais complicado para as PME.

Rui Teixeira destaca que “80% do dinheiro de financiamento de curto prazo na Europa vem das famílias e a longo prazo da banca. Do financiamento, 85% advém da banca e os restantes 15% do mercado de capitais, sendo que os 85% representam apenas 1/3 do balanço dos banco europeus”. “O maior problema da banca é a falta de capital e não liquidez”, explica.

Ter a divida subscrita em fundos, sendo estes cotados, é uma boa forma de financiamento para as empresas nacionais”, destaca Luís Laginha de Sousa. “As empresa são um instrumento privilegiado na criação de riqueza”, conclui.

Já Paulo Gray salienta o papel da securitização nas PME, afirmando que “podem potenciar o financiamento nas empresas, no entanto para isso as instituições bancárias têm de ser capazes de gerar crédito”.  “Acho difícil que as PME apostem nas obrigações para se financiarem. A solução talvez seja a criação de FEI, onde o investimento estrangeiro consiga entrar no financiamento da empresa”, afirmou o especialista. “Os gestores de ativos têm a capacidade de analisar os processos de crédito e assim fazer as melhores escolhas para o investimento”, explica.

O crédito total às sociedades não financeira em março de 2013 representava 270 mil milhões de euros, tendo descido 2,5%, desde do pico. Um dos motivos para o decréscimo do financiamento ao sector privado vem do aumento do crédito para empresas públicas que precisam de financiamento. Assim é necessário que a República esteja no Mercado de Capitais, sendo mais um emitente”,sublinha Joaquim Luís Gomes.

O conhecimento é importante na escolha das empresas

O Head of Fixed Income da ESAF, João Zorro, destacou a vantagem dos investidores conseguirem aplicar o seu dinheiro noutros mercados. “Os investidores da zona euro têm a vantagem de investir noutros mercados e noutras empresas que antigamente não conseguiam”, afirmou o gestor. Assim o gestor aposta na diversificação e na procura de mercados para motivar os investidores. “Temos de encontrar fatores que motivem os investidores a aplicarem o seu dinheiro nas PME. Existem alguns factores que procuramos concretizar na opção de investimento: procura de informação e a sua transparência. A análise das empresas é importante para o investidor saber se aplica ou não o seu dinheiro na empresa”, continua o gestor da ESAF.

Como investidor há mercados onde queremos estar. No entanto, às vezes não temos a capacidade de conseguir acompanhar tudo ao pormenor, o que dificulta a nossa escolha”, conclui João Zorro.

Já José Poças Esteves, da Companha Portuguesa de Rating, afirma que se devem criar fundos agregadores. “O intermediário assume as Obrigações e constitui um Fundo Especial de Investimento Fechado. Assim, o rating será feito a fundo e não à empresa ou empresas que o constitui”.