Depois de lhe termos mostrado se são poluentes ou verdes o cariz dos investimentos das seguradoras, hoje olhamos para o risco que essa exposição climática comporta, a partir de um estudo da ASF.
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No estudo presente no Relatório Relatório de Estabilidade Financeira que o regulador lançou recentemente, evidenciam também que riscos são os decorrentes das exposições atrás referidas. Ou seja, efetuam "a articulação da perspetiva de sustentabilidade com métricas de risco", bem como "fatores de escala ilustrativos de importância relativa, analisando-se ainda eventuais sinais de concentração de exposições". De notar que estas são conclusões com dados referentes a final do ano de 2019.
Exposições de dimensão climática inferior a 40%
Na análise elaborada pela ASF, procede-se "inicialmente ao cruzamento da informação relativa a exposições climáticas, com a duração e a qualidade creditícia (em formato Credit Quality Step (CQS)), da carteira de dívida privada por operador". A nuvem de pontos resultante - que se pode ver abaixo - revela que "o conjunto de entidades analisado apresenta exposições de dimensão climática inferior a 40% e com durações médias situadas, maioritariamente, entre os dois e os cinco anos, sendo os níveis de CQS médios predominantes entre dois e três".
Tal como menciona o regulador, na carteira de dívida privada, "constata-se que as entidades com valores fora dos intervalos anteriormente referidos em termos de durações, apresentam maioritariamente representatividades climáticas inferiores ao aglomerado".
Com o intuito de tornar comparável, e tornar as conclusões mais claras em termos de escala, a ASF juntou à equação do risco outras variáveis. Explicam que "o agregado de exposições climáticas tem, naturalmente, um nível de diversificação distinto dos agregados de exposições a emitentes individuais, fruto de agregar exposições verdes e poluentes, a múltiplos setores de atividade económica, numerosas tecnologias subjacentes, e diversas contrapartes individuais específicas".
Exposições climáticas: quinto maior valor
Desse modo, explicam que as exposições climáticas surgem como o quinto maior valor investido, quando comparadas com a totalidade dos grupos económicos – incluindo públicos e privados - a que as empresas de seguros se encontravam expostas à data de referência do exercício (final de 2019).
Fica então claro que as exposições mapeadas para dimensão climática têm uma preponderância "menos vincada" do que a dos três soberanos alvo de maior exposição (PT, IT e ES).
Concentração nas exposições climáticas
O risco de concentração também entrou nos parâmetros do regulador para analisar a exposição climática dos investimentos. Utilizaram para isso o Índice de Herfindahl- Hirschman (IHH), variando entre 0% e 100%, e sinalizando maior teor de concentração para os valores mais elevado.
Foram duas as perspetivas complementares que usaram para proceder à análise: concentração, por empresa de seguros, face a tecnologias subjacentes, isto é, se cada empresa de seguros tem a sua carteira de dimensão climática concentrada em termos de tecnologia; e, por outro lado, se a concentração, por tecnologia subjacente, isto é, se a exposição agregada do conjunto de empresas de seguros a cada tecnologia, tende a concentrar-se num número restrito de operadores.
A primeira forma de olhar para os dados mostra que "as empresas que operam exclusivamente nos ramos Não Vida tendem a exibir exposições climáticas mais concentradas num número restrito de tecnologias subjacentes". Um facto que a ASF justifica com a "menor dimensão" tendencial do universo.
Olhando pela segunda perspetiva, fica claro que "são as tecnologias de aviação e de produção de cimento a revelar padrões de maior concentração da exposição agregada, num conjunto restrito de operadores".