A grande tendência que começa a ganhar força entre as bancas privadas e que ameaça alterar o modo de selecionar os produtos

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Remko van Dokkum, Flickr, Creative Commons

Na hora de construir carteiras as bancas privadas estão a prestar especial atenção aos factores de rentabilidade dos fundos nos quais investem. Porquê? A evolução dos modelos de distribuição para a gestão discricionária, onde as bancas privadas indicam de antemão ao cliente os pontos base que lhe vão cobrar ‘all in fee’, obriga estas entidades a ter um cuidado especial relativamente às comissões dos ativos que incluem na carteira. “Um fundo cujo retorno se explique em 90% por via do beta, significa que não serão pagos - por exemplo - os 150 pontos base de comissão, mas sim 10. Se, por outro lado, o retorno for justificado por vida do alfa, o valor a pagar será, então, o mais elevado. É este o cenário que está a levar ao que se denomina de “barbelling”, ou seja, a utilização por parte das bancas privadas de ETFs e de fundos de gestão ativa que realmente acrescentem valor à carteira; estratégias que em ambos os casos se vão alimentando dos fundos de gestão tradicional, com tracking error baixo, que cobram uma comissão de 2%”, explica Iván Pascual responsável de distribuição para Ibéria e América Latinada BlackRock

Segundo revela, esta é principal tendência na indústria de gestão de ativos que começa a ganhar força no segmento das bancas privadas. “O cliente institucional já tem essa mentalidade aplicada, porque conta com um TER máximo, como acontece por exemplo com os fundos de pensões, que cobram 150 pontos base, incluindo os subjacentes, o que os leva a realizar um barbelling e a apostar em produtos de gestão passiva e nos fundos de gestão ativa que realmente tenham valor acrescentado, em detrimento dos fundos com baixo tracking error e elevadas comissões. Na banca privada começa a acontecer o mesmo. A regulação fez com que as bancas privadas reforçassem a transparência da carteira diante do cliente final. Quando se começa a falar do custo total de propriedade, estas entidades devem construir a carteira tendo muito em conta o custo do ativo subjacente”.

Para Pascual, esta é uma tendência muito forte que “é um fenómeno global, que acontece em muitos países”, afirma. Para o responsável de distribuição da BlackRock para Ibéria e América Latina, a revolução que está acontecer no mundo de wealth management e na gestão de ativos é uma das maiores mudanças na indústria dos últimos anos. “Existe uma relação direta entre o modelo de distribuição de negócio em banca privada e o asset management. O primeiro arrasta o segundo”, assegura o especialista. Neste sentido o modelo “all in fee”, que faz com que as bancas privadas tenham que minimizar o custo do subjacente para não se ver a margem comprimida, está a conduzir a uma diminuição do preço da gestão ativa e também a uma maior adopção de ETFs por parte das bancas privadas”.