Quanto à problemática da correlação, Nuno Pereira começa por que explicar que está agora mais consciente de que é preciso construir uma carteira diversificada, porque a correlação entre ativos não se tem alterado. “Na verdade, todos os ativos estão a evoluir em conjunto”, declara Nuno Pereira.
Conforme explica o CIO da Sixty Degrees, a política monetária está a empurrar as valorizações para níveis muito elevados e, por isso, não é muito fácil encontrar oportunidades em termos de classes de ativos. “O que estamos a ver é que precisamos de ser dinâmicos e colocar todas as classes de ativos, não apenas ações e obrigações, no nosso espetro de alocação. E é isso que fazemos. Temos como campo de jogo as matérias-primas, as geografias, as moedas, etc. O nosso objetivo é: ganhar dinheiro com a menor volatilidade possível. Por isso, o que tendemos a fazer é tentar perceber quais são as tendências macroeconómicas e como é que elas se adequam aos riscos e recompensas, no espaço dos ativos”, afirma.
Tal como Nuno Pereira comentou no Fórum de Gestão de Ativos, o cenário central que prevê é de uma recessão ligeira. O profissional explica que monitorizam a liquidez no sistema, porque o crédito tem uma ligação forte com o consumo. Por um lado, conta, estão os EUA, onde o crédito é muito elevado em termos brutos e as taxas de juro estão mais elevadas do que na Europa, o que prejudica o consumidor no que respeita ao crédito. Por outro, está a Europa, onde a taxa de poupança é mais elevada. “Mas na Europa temos o choque demográfico que conhecemos. Precisamos de poupar para a nossa reforma, e na Europa Central existe esta consciência. E, portanto, este fator psicológico que indica que as pessoas podemgastar mais porque as taxas de juro são mais baixas é finito. É uma oportunidade única. É um choque único”, argumenta.
Assim, Nuno Pereira prevê que “podemos passar por uma recessão porque precisamos de nos adaptar a estas mudanças, em setores como a logística e a energia, etc.”. Contudo, prevê dois cenários possíveis: a evolução para uma grande recessão, se os números relativos ao emprego forem atingidos, se o risco de liquidez se transformar num risco de crédito e num risco de solvência; a evolução para uma trajetória de crescimento se conseguirmos transformar esta economia com a tecnologia mais recente, um espaço energético mais verde e processos mais eficientes.
3/3