Os mercados periféricos estão na mó de cima, Conheça as opiniões dos especialista da J.P.Morgan Asset Management e da ING Investment Management.
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As Obrigações do Tesouro de Itália e de Espanha atingiram novos mínimos históricos com o retorno dos fluxos de capital à região. As yiels das Obrigações do Tesouro a 10 anos caíram para 3,48% e 3,53%, em Itália e em Espanha, respetivamente sendo os valores mais baixos desde do primeiro trimestre de 2006. No leilão que aconteceu na semana passada em Itália, a procura aumentou para um rácio de cobertura de 1,6x, o que representa um nível próximo dos valores pré-crise com as yields a atingirem um recorde nos valores mais baixos. “Existe a expectativa de taxas crescentes que tornam o investimento num desafio para este ano, sendo que a queda das yields são uma boa notícia para os investidores”, afirma a especialista Maria Paola Toschi, da J.P.Morgan Asset Management.
Risco a diminuir...
“A recuperação do sentimento sobre a dívida pública da Zona Euro periférica tem sido impulsionada pela combinação da redução da percepção de risco e pela melhoria dos seus fundamentais”, lê-se no relatório. Depois de, em 2012, Mario Draghi ter revelado que o BCE faria o que fosse preciso para salvar o Euro, os mercados reagiram de forma positiva e os riscos começaram a diminuir, tal como a incerteza sobre o futuro da moeda única europeia. “O BCE vai continuar a seguir a sua orientação num esforço para manter as expectativas de que as taxas de juro irão permanecer baixas, bem como dar a garantia de que se vai continuar a manter ativo para impedir riscos de deflação”, continua a especialista da J.P.Morgan AM.
Ao mesmo tempo , a percepção de riscos específicos dos países foram reduzidos porque os governos se comprometeram a introduzir reformas estruturais para criar um ambiente político e económico mais estável e menos divergente na Europa. Segundo a publicação, foram “esses compromissos que juntamente com a melhoria nos fundamentais económicos globais, ajudaram a sair a zona euro da pior recessão da história da moeda única”, afirma a especialista da J.P.Morgan AM.
Já para a ING Investment Management, “a recuperação em curso nos países da Zona Euro mostra que a zona periférica está com força. Isso reflete-se no Indicador de Sentimento Económico (ISE) que permite comparar os países. Desde do início de 2013 que este indicador tem tido uma recuperação assinalável. A diferença do ISE não ponderado contra os países centrais, como Alemanha e França, caiu significativamente. Atualmente, a diferença é de 4,6 pontos, em comparação com um pico de 20,8 em abril de 2011. Quando comparado com outros países centrais (por exemplo, Holanda, Áustria, Bélgica e Finlândia) a diferença é de 2,3 pontos”, lê-se no último Marketexpress. Deste modo, é notório que a periferia da Europa tem feito progressos significativos.
...mas alguns permanecem
“As yields a caírem continuam a proporcionar uma excelente oportunidade para os países periféricos refinanciarem a sua dívida com custos menores nos empréstimos, dando-lhes a possibilidade de reduzir os impostos, melhorar a competitividade e concentrar-se no emprego e consumo”, lê-se no relatório da J.P.Morgan AM. Ainda assim, para Maria Paola Toschi, “esta abordagem não é isenta de riscos. O primeiro risco é que os mercados estão à espera de uma maior intervenção no mercado por parte do BCE, mas não conseguem perceber que na atual conjuntura, as ferramentas do BCE são bastante limitadas. A segunda é que os governos poderiam sentir menos pressão para implementar as reformas fiscais e estruturais necessárias dada a redução dos seus custos de empréstimos”.
Para a ING IM, existem dois cenários que podem levar à incerteza nos países periféricos. “A primeira resulta da própria periferia, devido, sobretudo, ao aumento da incerteza política e da instabilidades e distúrbios sociais que podem contagiar o sector financeiro. O segundo maior cenário advém de uma crise generalizada nos mercados emergentes que possam inviabilizar a recuperação da Zona Euro, com a perda de dinamismo no crescimento económico e o aumento dos orçamentos do governos”, segundo o último Marketexpress
Periferia continua a oferecer valor
Olhando para o futuro, Maria Paola Toschi afirma que não há “aparentemente valor nos mercados de obrigações da zona periférica”.“Em primeiro lugar, espera-se que os fundamentais económicos da periferia continuem a melhoras, embora a um ritmo gradual que deve ser solidário com menores rendimentos de títulos e spreads mais apertados”, continua. “Enquanto os riscos políticos permanecerem serão menos alarmantes do que eram no passado”, finaliza.
Sobre as ações europeias, a ING IM na sua publicação afirma que tem uma “visão positiva sobre os mercados de ações periféricos”. “Esperamos que os mercados de ações subam ainda mais com os dados económicos de melhoria da zona periférica. Foi impressionado ver que durante a correção mais recente países como Espanha e Portugal atuaram como defensivos enquanto países como Alemanha, França ou Holanda sofreram perdas maiores”, lê-se o relatório da gestora. “As quedas nas Alemanha e na Holanda podem ser justificadas com o fator das receitas das maiores empresas desses dois países serem provenientes dos mercados emergentes que têm tido muito turbulência nas última semanas”, explica a publicação.