Análise do posicionamento do investidor institucional (II): exposição a obrigações

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Créditos: Scott Graham (Unsplash)

O que estão a comprar e a vender os investidores institucionais? A State Street Global Advisors, uma das cinco maiores gestoras do mundo, procedeu à leitura dos dados de fluxos dos seus depositários. Um panorama privilegiado de como se estão a movimentar as carteiras dos grandes investidores a nível global. Neste segundo artigo, iremos abordar o segmento de obrigações: o de ações pode ser lido aqui.

Como bem assinala Antoine Lesné, responsável de Estratégia de SPDR ETF e de Análise EMEA na State Street Global Advisors, em geral, 2022 foi um ano relativamente fraco para as obrigações. Sem surpresas. No entanto, Antoine Lesné deteta algumas tendências interessantes. Os investidores estão a colocar o seu dinheiro a trabalhar.

Tomemos como exemplo o que está a acontecer com o Tesouro norte-americano. “Nunca houve tanto comprador institucional de Tesouro norte-americano como no terceiro trimestre do ano passado”, afirma o especialista. E é um movimento que se prolongou no quarto trimestre de 2022.

Fonte: State Street Global Markets

Em dívida norte-americana está a haver, em geral, uma mudança ao longo da curva: da parte frontal para prazos médios e longos. Antoine Lesné interpreta isto como um voto de confiança no trabalho da Reserva Federal no controlo da inflação. Um argumento que também explicaria as saídas em TIPS norte-americanas (obrigações indexadas à inflação) no quarto trimestre.  

Quanto a ativos europeus, em ETF tem havido, desde julho, um ressurgimento da procura por corporativos europeus. Mas, em geral, como vemos no gráfico anterior, o interesse por crédito vem com um viés de qualidade. Isto é, o fluxo vai principalmente no sentido do investment grade. No entanto, os fluxos para high yield estão a recuperar de níveis muito baixos.

Fonte: State Street Global Markets

Apesar da recuperação dos ativos de risco, o interesse está em dívida de mercados emergentes em divisa local. Houve entradas em dólar norte-americano, mas atingiu o auge em setembro/outubro e desde então não tem havido muito movimento. Nota-se a preocupação com a força do dólar e, no entanto, para Antoine Lesné, é precisamente aqui que pode estar uma das melhores oportunidades para 2023.