Agora com uma gestão “tricéfala”, o PIMCO Total Return enfrenta saídas de dinheiro. Conheça as novas caras do fundo, mas também a estratégia que a PIMCO quer implementar daqui para a frente.
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Costuma-se dizer que depois da tempestade virá a bonança. Muito provavelmente é esse o pensamento atual que se vive na PIMCO, que começa agora a “pôr ordem na casa” depois de assistir à saída surpreendente do seu fundador Bill Gross.
A reorganização da entidade começou horas depois, tendo sido anunciado o substituto do apelidado “rei das obrigações”. Dan Ivascyn, que em janeiro assumiu o cargo subdiretor de investimentos, ascendeu na hierarquia e foi escolhido para ocupar a cadeira de Bill Gross.
E quem toma as rédeas do PIMCO Total Return Bond Fund?
Encontrar alguém que conduza daqui para frente o destino daquele que era até há bem pouco tempo o maior fundo de obrigações do mundo não parece ser tarefa fácil. A responsabilidade acabou por ser repartida por três gestores de comprovada experiência: Scott Mather (à esquerda), Mark Kiesel (à direita) e Mihir Worah.
Conhecedores do processo de investimento do fundo, os três homens da PIMCO foram a escolha óbvia. “É impossível que apenas uma só pessoa conheça todos os recantos do mercado de obrigações. O Bill Gross apoiava-se em nós, e noutros 240 gestores de carteiras da empresa, para gerar as ideias de investimento que suportaram o bom comportamento histórico da estratégia”, explicou Mark Kiesel nas primeiras declarações no papel de gestor.
Com esta a liderança “tricéfala”, Mihir Worah não acredita que a gestão saia prejudicada. “Embora o Total Return sempre tenha contado com a participação de muitos gestores de carteira, acreditamos que um enfoque multigestor mais específico vai fornecer ao fundo muitas vantagens na sua estratégia”, confessou.
“Keep going”
E porque em equipa que ganha não se mexe, a PIMCO está agora focada em continuar com as estratégias que deram êxito à entidade. Em declarações à Funds People, Andrew Balls, diretor global de investimentos da gestora, dava conta disso mesmo. “Haverá continuidade tanto no processo de investimento, como na estratégia de investimento que temos vindo a seguir até ao momento. A forma como temos vindo a gerir a carteira do fundo não vai mudar”, refere.
Balls assegura também que a equipa gestora do fundo estará muito atenta aos movimentos do mercado. Ainda que não possa falar dos resgates – publicações como o Wall Street Journal quantificam em 10.000 milhões de dólares nos últimos três dias no caso do PIMCO Total Return – o profissional afirma que vão seguir de perto as possíveis correções de preço dos ativos que lhes interessam para tomar posições, no caso destes se situarem em níveis de subvalorização. Esta é uma mensagem que Balls deixa aqueles que atualmente se estão a desfazer de posições em determinados ativos antecipando-se ao que pensam que a PIMCO será obrigada a fazer.
“Vamos seguir os resgates numa base diária, mas é importante recordar que contamos com uma carteira muito líquida que os poderá assumir facilmente”, explica. Para além da percentagem que mantém em liquidez, entre esses ativos de grande liquidez o profissional destaca as importantes posições que o fundo mantém em dívida pública dos EUA e em obrigações de curta duração. O posicionamento do fundo continua a apoiar-se no que a PIMCO denomina de “novo normal”: um contexto em que as subidas das taxas de juro serão muito graduais nos EUA, e em que os bancos centrais da Europa, do Japão e de muitos países de mercados emergentes vão manter as políticas monetárias expansivas.
A equipa considera que os spreads de crédito estão relativamente apertados, mas, devido à abundante liquidez e aos lucros consistentes das empresas em muitos sectores, não acreditam que os spreads se ampliem significativamente. Na Europa irão continuar a apostar no crédito, dívida bancária e obrigações periféricas de países como Espanha ou Itália. Especificamente em relação à área de crédito, a equipa encontra excelentes oportunidades em empresas que ofereçam sólidos perfis de crescimento e poder de fixação de preços em sectores com barreiras de entrada onde os fundamentais de crédito estão a melhorar.
Morningstar baixa rating para bronze
Ainda que a Morningstar continue a estar positiva em relação ao PIMCO Total Return, depois da saída de Bill Gross a empresa de análise baixou o rating do fundo para “bronze” devido à incerteza relativamente às saídas de dinheiro do fundo e também por causa da reorganização das responsabilidades de gestão. “Vai demorar algum tempo até se perceber como é que Ivascyn e os novos gestores se vão unir na nova equipa, mas há uma série de razões que nos levam a crer que terão êxito. Para começar, é um grupo com muita experiência e muito respeitado. Kiesel e Ivascyn foram ambos nomeados na categoria de melhor gestor de obrigações do ano pela Morningstar, em anos anteriores. Como especialistas no sector foram frequentemente consultados por Bill Gross para que lhes fosse dada as suas melhores ideias de seleção de títulos”, asseguram da Morningstar.
A reconhecida empresa de análise também considera que as mudanças no Comité de Investimentos são um bom presságio. “A incorporação de Kiesel e Ivascyn ao grupo no princípio deste ano depois da saída de Mohamed El-Erian acrescentaram um importante feedback por parte dos melhores gestores da entidade, enquanto que o regresso de Paul McCulley, especialista na Fed, e o veterano gestor Chris Dialynas, proporcionaram um apoio macro importante. Os resgates do fundo continuam a ser um desafio, mas uma participação considerável de 42% numa combinação de obrigações do tesouro dos EUA e de obrigações hipotecárias, para além dos fluxos de dinheiro recebido do pagamento dos cupões e de títulos com vencimento, fazem-nos continuar a ter um cauteloso otimismo sobre a capacidade do fundo resistir a uma forte “tempestade” em termos de saídas de dinheiro”, afirmam.