O gestor do IMGA Ações América, o fundo que alcançou o melhor retorno por unidade de risco em 2021, comentou a estratégia seguida no último ano e perspetivou as dinâmicas que se podem esperar em 2022.
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Em 2021, a gestora IM Gestão de Ativos conseguiu excelentes resultados com as suas estratégias de investimento. De facto, entre os seus fundos, aquele que conseguiu um dos maiores destaques foi o IMGA Ações América, alcançando o primeiro lugar no ranking dos fundos nacionais mais rentáveis por unidade de risco.
António Dias, gestor deste fundo de ações, esteve à conversa com a FundsPeople e, quando questionado sobre o comportamento do fundo no último ano, começou por comentar o respetivo posicionamento. “Estivemos sempre sobreponderados nos setores de cariz tecnológico, embora esta ponderação tivesse vindo a ser atenuada ao longo do ano”, começou por apresentar. Uma exposição que não é de todo inesperada dada a composição atual do mercado americano e a elevada predominância da tecnologia em vários setores, situação essa também recordada pelo próprio profissional. Mas mais detalhadamente, no setor tecnológico, António Dias especifica alguns setores aos quais tiveram mais exposição, nomeadamente, o de semicondutores, software e media.
Contudo, com o decorrer do ano e numa altura em que começavam a soar os alarmes de uma possível alteração da política monetária por parte da Fed, o gestor confessa: “Adotámos uma estratégia barbell naquilo que é a tecnologia, reduzindo a exposição a growth e aumentado a exposição a empresas mais value”. Tais ajustes por parte da equipa gestora são fáceis de perceber. Em primeiro lugar, diz, “o value estava a performar menos bem em relação ao growth”; em segundo lugar, “as valorizações estavam atraentes”. Este foi um movimento que fizeram na última parte do ano de 2021, e que tem atualmente ajudado bastante no desempenho do fundo.
Reitera, no entanto, que a sobreponderação do fundo permanece no estilo growth e quality. “A longo prazo não podemos ignorar as vantagens competitivas deste segmento na América”, admite António Dias. Desta forma, mesmo com valorizações ajustadas, não descarta a exposição às gigantes tecnológicas americanas e sublinha que “são empresas estruturantes da economia global, sendo que poucas são as empresas que conseguem viver sem estas gigantes”.
Na verdade, estas maiores ponderações estão agora a ser penalizadas com as recentes correções nos mercados acionistas americanos. Porém, trata-se de um fator que não preocupa o profissional. “No longo prazo, não posso ignorar empresas com uma estrutura de capital super ligeiro, com margens de 50%, uma capacidade de geração de cash flow brutal e uma capacidade de reinvenção assombrosa”, realça.
E o gestor tem outras convicções, sendo uma delas a sobreponderação no setor farmacêutico. “Com o envelhecimento populacional, as farmacêuticas têm muito dinheiro para ganhar”, justifica o profissional. Efetivamente, neste segmento, uma das empresas preferidas de António Dias é a UnitedHealth Group, que consta no Top 10 de maiores posições em carteira.
Dinâmicas estruturantes em 2021
No final de contas, António Dias expõe que “a rotação da carteira foi relativamente baixa, havendo apenas ajustes periódicos”. Perspetiva, no entanto, que com o decorrer de 2022, “haverá provavelmente maior rotação e mais ajustes, porque se a Fed mantiver o pé no acelerador, teremos uma política monetária agressiva”.
De facto, neste contexto de alteração de política monetária, demonstra também uma certa preocupação relativamente à margem que a Reserva Federal tem para combater a inflação, que diz acreditar ser uma força transitória, dado que “as forças inerentes que contribuíram para a inflação há 50 anos não estão presentes agora”.
Para o gestor, a questão fundamental passa por saber “quando é que a curva de yields se inverterá e se, porventura, essa curva inverter, provavelmente entraremos numa recessão”. Consequentemente, “se efetivamente houver uma recessão, voltaremos aos setores growth, porque o value cairá de novo”, perspetiva.
Atento ao ESG
Já relativamente ao investimento ESG, António Dias admite que na IMGA estão cada vez mais atentos a estes fatores. “Analisamos os fatores ESG e tentamos fugir ou menorizar empresas que têm problemas neste aspeto”, afirma. Nomeadamente, indica que procura excluir empresas de setores que trazem um lastro ambiental ou ético consigo, como são os setores de armamento, tabaco e exploração de petróleo.
Particularmente sobre a América, partilha aquela que é uma opinião comum entre muitos, de que os investidores desta região ainda não estão tão atentos a este fenómeno como os europeus. Porém, acredita que “será tudo uma questão de tempo até começarem a mudar a forma de atuar”.