No último ano, nove entidades conseguiram aumentar a sua preponderância de mercado, impulsionadas pela perda significativa de património gerido entre as primeiras três entidades do ranking.
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No último ano, as entidades gestoras nacionais que se destacavam com maiores captações em fundos de obrigações eram a Caixa GA, GNB GA, e BPI GA. Contudo, sabendo que os mercados de obrigações foram fortemente abalados no último ano, terão as gestoras nacionais conseguido aumentar o património gerido em fundos de obrigações?
Segundo os dados da Morningstar, no último ano (com referência a setembro), verificamos que apenas duas entidades conseguiram aumentar os AUM. Já as entidades que conseguiram aumentar a sua preponderância de mercado foram nove, impulsionadas pela perda significativa de património gerido entre as primeiras três entidades do ranking.
Ainda assim, tendo em conta apenas os fundos de obrigações domiciliados em Portugal, quem continua a dominar o mercado é a IM Gestão de Ativos, impulsionada pelo IMGA Liquidez. Eram mais de 1,3 mil milhões de ativos sob gestão distribuídos por oito fundos de obrigações que esta entidade agregava em setembro de 2022. Contudo, face à queda nos seus ativos sob gestão no montante de 453 milhões de euros, a IMGA perdeu quota de mercado no último ano. Verifica, mais concretamente, 31,76% de quota de mercado (face aos 32,87% que registava em setembro de 2021).
A BPI Gestão de Ativos, no segundo lugar do ranking, conta com uma quota de mercado de 24,9%. Ainda assim, é uma percentagem menor face ao último ano. Esta entidade perdeu cerca de 356 milhões de euros em património, representando uma queda de 1,1 p.p. em quota de mercado. O fundo mobiliário PPR BPI Reforma Obrigações é o maior produto desta entidade nesta classe de ativos.
A Caixa Gestão de Ativos, que é líder de mercado contando os fundos de todas as classes de ativos, ganhou apenas 0,1 p.p. em quota de mercado no último ano com fundos de fixed income, perfazendo 19,2% neste rácio. Contudo, não escapou à queda dos ativos sob gestão, que foi de 228 milhões de euros de setembro de 2021 a setembro de 2022. Sob gestão desta entidade, o maior produto de obrigações é um fundo de ultra curto-prazo: o Caixa Disponível.
No total, as nove gestoras representadas na tabela abaixo perderam cerca de 1,2 mil milhões de ativos sob gestão (ou -23,7%).
Quotas de mercado por entidades gestoras - fundos de obrigações domiciliados em Portugal
Entidade gestora | Ativos sob gestão setembro 2021 | Ativos sob gestão setembro 2022 | QM set. 2021 | QM set. 2022 | Variação anual da QM (p.p.) |
---|---|---|---|---|---|
IM Gestão de Ativos | 1 819 033 258 | 1 365 268 612 | 35,7% | 35,1% | -0,6 |
BPI Gestão de Ativos | 1 324 728 018 | 968 694 754 | 26% | 24,9% | -1,1 |
Caixa Gestão de Ativos | 975 157 552 | 746 679 552 | 19,1% | 19,2% | 0,1 |
GNB Gestão de Ativos | 482 080 900 | 383 531 242 | 9,5% | 9,9% | 0,4 |
Santander Asset Management | 392 608 619 | 323 847 607 | 7,7% | 8,3% | 0,6 |
Bankinter GA - Sucursal em Portugal | 69 247 594 | 53 870 696 | 1,4% | 1,4% | 0 |
Montepio Gestão de Activos | 21 152 201 | 19 641 782 | 0,4% | 0,5% | 0,1 |
Heed Capital | 16 823 160 | 0% | 0,4% | 0,4 | |
BIZ Capital | 15 240 976 | 10 782 433 | 0,3% | 0,3% | 0 |
Total | 5 099 249 117 | 3 889 139 838 | 100% | 100% |
Se nas contas incluirmos os fundos domiciliados no Luxemburgo, apesar do pódio não mudar de figura, a GNB Gestão de Ativos aproxima-se significativamente do terceiro lugar do ranking. Na verdade, apesar de também ter perdido património sob gestão, esta foi a entidade gestora que mais ganhou pontos percentuais em quota de mercado no último ano. Verifica, em setembro de 2022, uma quota de mercado de 16,5% face aos 15,3% que registava no período homólogo. O NB FCP Euro Bond, domiciliado no Luxemburgo, é o maior produto desta entidade.
Mas para além da GNB GA, com ganhos nas quotas de mercado, destacam-se também entidades como a Santander AM, Atrium Investimentos, Montepio GA, Nevastar Finance, BIZ Capital, Heed Capital, e Optimize IP. Destas, as únicas entidades que aumentaram os AUM foram: a Nevastar Finance, a Biz Capital, e a Heed Capital. Segundo os dados da Morningstar, a Optimize IP e a Heed Capital ainda não detinham fundos de obrigações no Luxemburgo em setembro de 2021.
Os 42 fundos de obrigações de gestão nacional totalizam assim um património de 4,3 mil milhões de euros em setembro de 2022. Menos 22,3% face ao período homólogo.
Quota de mercado por entidades gestoras - incluindo fundos de obrigações domiciliados no Luxemburgo
Entidade gestora | Ativos sob gestão setembro 2021 | Ativos sob gestão setembro 2022 | QM set. 2021 | QM set. 2022 | Variação anual da QM (p.p.) |
---|---|---|---|---|---|
IM Gestão de Ativos | 1 819 033 258 | 1 365 268 612 | 32,87% | 31,76% | -1,11 |
BPI Gestão de Ativos (CaixaBank AM) | 1 346 611 701 | 986 840 443 | 24,33% | 22,95% | -1,38 |
Caixa Gestão de Ativos | 975 157 552 | 746 679 552 | 17,62% | 17,37% | -0,25 |
GNB Gestão de Ativos (GNB International Management) | 846 680 989 | 709 569 309 | 15,3% | 16,5% | 1,21 |
Santander Asset Management | 392 608 619 | 323 847 607 | 7,09% | 7,53% | 0,44 |
Bankinter GA - Sucursal em Portugal | 69 247 594 | 53 870 696 | 1,25% | 1,25% | 0 |
Atrium Investimentos | 31 546 011 | 27 319 189 | 0,57% | 0,64% | 0,07 |
Montepio Gestão de Activos | 21 152 201 | 19 641 782 | 0,38% | 0,46% | 0,07 |
Nevastar Finance (EuroBic) | 16 363 057 | 19 010 529 | 0,3% | 0,44% | 0,15 |
BIZ Capital | 16 363 057 | 19 010 529 | 0,3% | 0,44% | 0,15 |
Heed Capital | 16 823 160 | 0% | 0,39% | 0,39 | |
Optimize Investment Partners (Andbank AM) | 11 368 342 | 0% | 0,26% | 0,26 | |
Total | 5 534 764 038 | 4 299 249 749 | 100% | 100% |
De notar que ainda que apesar dos mercados de obrigações terem sido abalados de forma significativa no último ano, a volatilidade permitiu melhorar a dispersão dos spreads e criou desajustes no mercado. Pelo menos é isso que explica Daniel Loesche, diretor de Investimentos em Obrigações Europeias na Schroders, no mais recente artigo da FundsPeople. Simultaneamente, Gaurav Chatley, gestor de carteiras sénior da M&G Investments, acredita que "chegou o momento de voltar ao crédito europeu de investment grade".