Embora Dennis Stattman permaneça cauteloso tanto na duração como na qualidade de crédito, aumentou tacticamente a sua exposição a duração. Nas ações, as maiores oportunidades que encontra são fora dos EUA.
“Apesar de, na nossa opinião, as ações norte-americanas ainda serem uma melhor opção de investimento a longo prazo do que as obrigações do tesouro americano, acreditamos que as oportunidades de investimento mais atrativas nesta classe de ativos são cada vez mais frequentes fora das fronteiras norte-americanas”, diz Dennis Stattman, gestor do BlackRock Global Funds (BGF) Global Allocation, fundo misto moderado, em dólares, que no ano passado foi um dos mais rentáveis da sua categoria, com uma rendibilidade de quase 15%.”No BGF Global Allocation Fund temos reforçado a nossa visão positiva sobre as ações europeias”, afirma.
Segundo explica o gestor da BlackRock, a Europa não está apenas cotada a desconto em relação aos seus homólogos internacionais nos últimos anos, mas parece estar agora a ser apoiada por uma leve melhoria da sua situação económica. “E, mais importante, a atividade económica está a recuperar de níveis baixos, enquanto a Zona Euro está num crescimento lento. No entanto, a relativa calma nos mercados obrigacionistas europeus e o recente aumento de força do euro sugerem que os investidores estão a voltar à região e estão a vê-la como uma terra de oportunidades de investimento”, afirma o especialista.
Não é a única região em que Stattman encontra oportunidades. “As valorizações das ações japonesas continuam bastante razoáveis apesar do período sólido de rendibilidade que têm registado. Além disso, as revisões em alta dos lucros foi muito mais generalizado no Japão comparativamente a outros mercados. Geograficamente, damos primazia às ações japonesas e à Europa ocidental, embora acreditemos que o dólar é uma aposta interessante. Neste sentido, sobreponderamos esta moeda e temos cobertura parcial à nossa exposição, tanto em ienes como em euros. Além disso, gostamos do sector da saúde, da indústria e da energia, enquanto estamos subponderamos nos bens de consumo”, revela.
Em 2014, o especialista espera que as ações superem as obrigações e a liquidez. “Somos cautelosos no que diz respeito aos mercados de obrigações. Não acreditamos que as rendibilidades deste mercado justifique o risco que os investidores assumem em termos de duração, ou de crédito. Preferimos as ações, mesmo depois de uma grande período em alta nos últimos cinco anos, é possível que a as ações estejam vulneráveis a alguma correção durante o ano. Acreditamos que o melhor equilíbrio em termos de risco/rendibilidade dos mercados internacionais de ações se encontra atualmente no mercado japonês, mas sempre cobrimos o risco de câmbio com o iene”.
Como resultado desta visão, em termos gerais, o gestor subpondera as obrigações e sobrepondera, de forma moderada, as ações e aposta na liquidez. “O cash equilíbra o risco geral da careira e reduz a duração das nossas posições, em obrigações”, explica. No universo obrigacionista, Stattman segue de forma prudente tanto em termos de duração como na qualidade creditícias. “Com recente impulso das rendibilidades, incrementámos de forma tática a nossa exposição à duração, guiados pela nossa opinião de que o mercado poderia ser demasiado otimista sobre as previsões de crescimento económicos nos Estados Unidos a curto prazo, diz o gestor.
Em relação ao mercado de ações dos EUA, o especialista mostra-se particularmente interessado na tendência do mercado a longo prazo, vinculado pelos avanços que estão a ser levados a cabo no sector energético. “Alguns analistas preveem que, devido ao aumento substancial em diversos projetos de energia na América do Norte, a região poderia passar a ser independente de forma energética antes da próxima década. Acreditamos que o aumento da sua produção energética e a construção de infraestruturas associadas a esta atividade irá contribuir, provavelmente, de uma maneira notável para o crescimento a longo prazo do PIB e para o emprego dos Estados Unidos”.
Olhando para o futuro, as mudanças que temos assistido também se poderiam repercutir noutros sectores, como o serviços públicos e transportes. “A revolução energética já está a fazer subir o dólar e está a ajudar a recuperar o seu estatuto com reserva de valor”, finaliza Stattman