Suspeita de branqueamento de capitais levou supervisor andorrenho a intervir na BPA. Este foi o impulso para que o Banco de Espanha agisse da mesma forma em relação ao Banco Madrid, detido a 100% pela BPA.
Aquela que é a notícia da semana em Espanha veio a público na passada terça-feira. O supervisor andorrenho – o Institut Nacional Andorrà de Finances (INAF) – interveio na Banca Privada de Andorra (BPA) por branqueamento de capitais, tendo sido a acusação procedente de uma denúncia interposta pela divisão de delitos financeiros do Tesouro dos Estados Unidos (FinCen) na qual se acusa a instituição de “facilitar conscientemente transações de lavagem de dinheiro que atuavam em nome de organizações criminais transnacionais”.
Seguiu-se a ação do supervisor homólogo espanhol, o Banco de Espanha, que tomou medidas semelhantes relativamente ao Banco Madrid – que é em 100% detido pela Banca Privada de Andorra – de forma a assegurar “a continuação da atividade desta entidade”.
Conselhos de administração do BPA e Banco Madrid afastados
O caso polémico e a investigação já despoletaram a demissão do conselho de administração do Banco Madrid (no final do dia 11 de março, quarta-feira), enquanto que o chefe do Governo de Andorra, Antoni Martí, anunciou já esta quinta-feira a demissão de todo o conselho de administração da Banca Privada de Andorra.
BPA: acusação de branqueamento de capitais
Especificamente, o Tesouro Americano, através da FinCem, classifica a BPA como uma “instituição financeira submetida a uma preocupação de primeira ordem em matéria de branqueamento de capitais”. No comunicado da entidade é dito que “durante vários anos, altos quadros do BPA facilitaram conscientemente transações de lavagem de dinheiro que atuam em nome de organizações criminais transnacionais”, dedicadas ao crime organizado (apontam a Rússia e a China), à corrupção e ao tráfico ilegal de seres humanos. Segundo este relatório, terão sido facilitadas transações da máfia russa através de Andrei Petrov; mas também operações envolvendo o cidadão chinês Gao Ping, ou a empresa estatal venezuelana Petróleos da Venezuela (PDVSA), na qual se calcula que o banco andorrenho tenha branqueado 2.000 milhões de dólares.
No que diz respeito à intervenção do Banco de Espanha no Banco Madrid - totalmente detido pela instituição andorrenha – a autoridade espanhola, em comunicado, diz ter tomado essa decisão de forma a “assegurar a continuidade da atividade desta entidade, tendo em conta as decisões adotadas pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos e pelo INAF.
Banco Madrid – qual o posicionamento?
O Banco Madrid dirigi-se exclusivamente ao segmento de clientes de banca privada, aos quais oferece apenas a função de gestão, não efetuando aconselhamento. A gestão discricionária de carteiras pode ser apontada como o ponto forte da entidade. O património mínimo para aceder aos serviços de banca privada da instituição, segundo referiram à Funds People Espanha numa das edições da revista espanhola, é de 500.000 euros.