Banco BIC: “Acreditamos que estamos a viver perto do fim do ciclo”

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O departamento de mercado de capitais do Banco BIC aponta que “a despedida de 2016 está a ser arrojada”. Isto está a acontecer porque ninguém, no início do ano, iria acreditar que o “mercado se aguentaria firme a nível global com a materialização dos três grandes eventos políticos do ano (Brexit, eleições americanas e referendo italiano)”. Desta forma, a entrada em 2017 surge com “os mercados suportados por uma vasta gama de indicadores, excetuando claramente os de valuation. Acreditamos, portanto, que estamos a viver perto de fim de ciclo”, referem da entidade.

a nível económico, do Banco BIC afirmam que estão “posicionados para um reforço do crescimento global um pouco acima dos 3%, com os países desenvolvidos, a Rússia e a América Latina, a compensarem um ritmo de crescimento consideravelmente menor em parte dos países emergentes, com especial destaque para a China, que deverá manter o ajustamento verificado ao longo dos últimos anos”. No que diz respeito à inflação, referem que “depois de crescimentos relativamente anémicos durante esta década”, antecipam “uma aproximação ao target que os Bancos Centrais mantêm para as respetivas economias”, e isto tem sido “visível com o ressurgimento bastante forte no último trimestre nas 5y, 5y forward inflation breakeven na Europa, Estados Unidos e Japão”.

E as perspetivas para o próximo ano?

Para o próximo ano, do departamento de Mercado de Capitais do Banco BIC acreditam que os principais riscos se irão concentrar na “esfera política, pelo que seguimos com alguma atenção os desenvolvimentos na Europa, nos Estados Unidos e na China”. Para a Europa, “receamos que as eleições na Holanda, na França e na Alemanha, conjuntamente com o processo inacabado do Brexit, recupere receios de desintegração na Zona Euro”, referem. Sobre os Estados Unidos, afirmam que a “imprevisibilidade no temperamento de Donald Trump poderá restaurar novamente o pessimismo com que o mercado preparou a sua vitória”, enquanto que para a China, “o discurso crispado do novo posicionamento na política externa americana poderá ser retaliado, principalmente num ano de congresso do Comité Central do Partido Comunista Chinês”.

Em termos de posicionamento, da entidade referem que “gostam de cash”, sobretudo porque lhes permite ter “uma abordagem dinâmica, num ano em que procuraremos utilizar os movimentos de volatilidade elevada para fazer o timing das nossas entradas”. Assim, e em termos relativos, no Banco BIC estão “mais positivos em Equity do que em Fixed Income” e acreditam que este ano vão “desinvestir em ETFs para tentar gerar alfa através da escolha de fundos de terceiros alternative UCITS”.

No universo fixed income, da entidade referem que estão “posicionados nas obrigações com durations mais curtas tendo em conta os níveis historicamente baixos das yields e o facto da FED ter avançado no ciclo de subida de taxas”. Desta forma e nesta classe de ativos, “onde fazemos uma gestão ativa do risco de taxa de juro, preferimos crédito a governos, sendo que nos governos preferimos US a Europa”, referem.

Relativamente às ações, do Banco BIC acreditam que “as avaliações se encontram relativamente alongadas, principalmente no mercado americano”. Ainda assim, estão “conscientes que tal tem sido suportado por dados confortantes ao nível do emprego e da atividade económica e que tal possa vir a perpetuar-se, pelo menos, na primeira metade do próximo ano”.  “O alcance da política monetária continuará a sustentar mercados como o europeu e o japonês, pelo que, casando com outros critérios, preferimos estas geografias”, sublinham.

Sobre os mercados emergentes, preferem fazer a divisória em duas dinâmicas. Se por um lado, “países como a China e o México sairão claramente prejudicados, os emergentes que beneficiam da valorização do preço das commodities sairão vencedores, num ambiente que acreditamos que será construtivo para as matérias-primas”.

Neste aspecto das matérias-primas, revelam que estão dispostos a “aumentar a exposição a ouro, depois de algum profit taking em 2016”. Desta forma, vão utilizar esta posição, “juntamente com uma posição longa em dólares para aumentar a diversificação das nossas carteiras”. Além disso, irão continuar a “procurar fontes de valor fora dos ativos tradicionais e dos posicionamentos consensuais, e olharemos com atenção para algumas commodities agrícolas, que se encontram num bear market já bastante expressivo”.

O fundo para seguir 2017

Do universo de fundos disponíveis, do Banco BIC revelam que o produto que recomendam para o próximo ano é o Deutsche Concept Kaldemorgen. Sob responsabilidade da Deutsche Asset & Wealth Management (DWS), este fundo ostenta o triplo selo Funds People: é um dos favoritos dos Analistas, é Blockbuster e é, também, Consistente.

Do Banco BIC caraterizam-no como “um fundo altamente flexível, multiestratégia, que espelha em muitos aspetos a visão e o processo de investimento seguido pela equipa de Mercado de Capitais”. Este produto é gerido por Klaus Kaldemorgen, antigo Global CIO e CEO da DWS, o que para os profissionais do Banco BIC confere ao fundo um “nível elevado de experiência e credibilidade”.

A gestão privilegia, tal como nós, a flexibilidade que a liquidez oferece para entrar em momentos de volatilidade elevada, pelo que desde o seu início não é raro encontrar períodos em que manteve níveis de cash superiores a 40% da carteira”, sublinham. Com isto, é possível “ter uma abordagem dinâmica nas várias classes de ativos, na exposição líquida e na gestão da duration, que acreditamos vir a ser o fator diferenciador em 2017”.

Sobre as características do produto, aquela que mais apreciam é o “enfoque que se coloca na minimização do risco, através de uma abordagem que assenta num modelo de VaR e que lhe permite ter níveis de volatilidade e drawdowns consideravelmente menores do que o mercado”. Referem, ainda, que nesse campo, o “fundo segue uma política de maximum indicative loss anual de 10% (nunca atingido) e que assim responde às necessidades de um leque vasto de investidores. Ainda assim, o fundo apresenta um track record impressionante ao nível do retorno, com uma rendibilidade anualizada nos últimos cinco anos de 6,9%”.

“Existe uma janela de oportunidade”

O crescimento orgânico, “num ambiente complexo ao nível da regulação e num mercado doméstico comprimido” é o maior desafio para a indústria nacional para o próximo ano. Ainda assim, acreditam que “existe uma janela de oportunidade com a mudança de paradigma na mentalidade dos aforradores, que começam a aceitar algum risco para procurar rendimento fora das fontes tradicionais de poupança”, referem do Banco BIC, concluindo o raciocínio afirmando que “para aqueles clientes que já fizeram a mudança para produtos que não depósitos, importa continuar a adequar o seu perfil de risco ao retorno correspondente, para que não se caia na tentação de continuar a procurar uma yield que agora comporta um risco superior àquele que comportava no passado”.