Recentemente em Portugal, para uma conferência da BBVA Asset Management, Rafael Urquía, CIO PanLatam da gestora de ativos, contou à Funds People Portugal onde se encontram os tesouros escondidos nas antigas colónias de Portugal e Espanha.
O especialista veio a Lisboa como orador num almoço-apresentação do BBVA Asset Management para clientes institucionais. Em conversa com a Funds People Portugal, destacou algumas economias e ativos que considera atrativos em países da América Latina.
No Brasil
Focando no país que fala a nossa língua – e que por estes dias atravessa um momento político incerto - o profissional destaca a atratividade das obrigações como a classe de ativos de eleição: “creio que vemos uma oportunidade clara em fixed income no Brasil. Os spreads da dívida brasileira descontam um cenário pior do que o real”.
Convicto que este ano veremos o ponto de inflexão na economia brasileira, Rafael Urquía destaca também a eventual redução de taxas de referência por parte do Banco Central do Brasil como um potencial catalisador. “Com um consumo tão débil, a inflação não pode continuar tão alta. A recessão tem sido tão aguda que o consumo se ressentiu e a procura também se vai ressentir. Neste sentido, os ativos designados por Rafael Urquía como “quasi-fixed income equity”, ou seja, ações de empresas que, dada a sua estrutura de balanço, beneficiem grandemente de uma redução de taxas, seria a segunda escolha do profissional. Exemplos deste tipo de ativos seriam as operadoras de centros comerciais ou empresas concessionárias.
Por último, é o sector financeiro que merece destaque, nomeadamente os bancos. “Há já vários trimestres que o crédito ao consumo mudou. Os prazos a que se empresta dinheiro são cada vez mais curtos. Eventualmente podemos ver incrementos no crédito com imparidades, mas serão os bancos públicos que vão sofrer mais, já que assumiram mais risco”, atesta o profissional do BBVA AM.
Na restante América Latina
No Peru, Rafael Urquía vê bom valor em empresas que permitam contornar o sector mineiro e a falta de liquidez do mercado. Fala, especialmente, do potencial das empresas que estejam expostas à economia doméstica que, segundo ele, mostra um crescimento recorrente embora não seja extraordinário. Dá como exemplo a Credicorp, a maior holding financeira no país, que conta com “uma boa gestão numa economia bastante saudável”. O título tem mostrado um comportamento de mercado muito positivo, nas últimas semanas, e a única coisa que o impede de ganhar mais é o “código postal”, que é como quem diz o país a que pertence. Adicionalmente, o facto de cotar em ADR permite contornar o difícil acesso ao investimento no mercado peruano.
“No Chile gostamos da história do consumo doméstico e, portanto, gostamos da Fallabela”, refere o especialista, referindo-se à multinacional chilena que opera a maior rede de department stores na América do Sul. Já no México, “há que fazer um stock picking muito cauteloso, porque as valorizações estão elevadas. Gosto do negócio de microlending e há um par de nomes mexicanos que estão atrativos. Gosto também das exportadoras”, destaca o profissional. Termina afirmando que acredita que o upside das ações de consumo é bastante limitado, exclamando: “Já tiveram o seu rally!”.