Chega a onda verde: os fundos ESG já representam um em cada quatro euros em fundos na Europa

primavera flor ESG
Créditos: Alexandru Tudorache (Unsplash)

Há pouco mais de um mês entrou em vigor a regulação de fundos sustentáveis na Europa, mas já podemos tirar uma conclusão clara. A onda verde expande-se imparavelmente na indústria dos investimentos. Segundo a primeira análise da Morningstar, haverá até 2,5 biliões de euros em fundos classificados sob o Artigo 8 ou 9 do SFDR. Estamos a falar de 21% de todos os fundos europeus que representam até 25% dos ativos europeus totais. Ou seja, os fundos ESG já representam um em cada quatro euros em fundos na Europa.

É a primeira evidência de como o ISR está a transformar a indústria. A 10 de março entrou em vigor o EU Sustainable Finance Disclosures Regulation (SFDR). Sob a nova normativa, e num primeiro passo, os fundos devem classificar-se em três categorias: Artigo 6, 8 ou 9. Dependerá do seu grau de objetivo de sustentabilidade, mas todos os fundos de investimento deverão contar com uma classificação ESG. 

Isto é um primeiro contacto. É preciso ter em conta que a análise da Morningstar engloba os primeiros 20 dias após a entrada em vigor da regulação. Este primeiro estudo reflete dados de 50% dos fundos e ETF domiciliados no Luxemburgo. Nesta primeira sondagem, 18% foi classificada sob o Artigo 8 (fundos que promovem características ambientais ou sociais). Outros 3,6% sob o Artigo 9 (com um objetivo de investimento sustentável).

Estes dados foram extrapolados para o resto do mercado europeu para chegar a este número de 2,5 biliões. Não obstante, o mercado de fundos sustentáveis poderá valer muito mais. A Morningstar calcula que o número continuará a crescer nos próximos meses à medida que as gestoras continuem a reclassificar e a lançar novos fundos sob os requerimentos dos Artigos 8 e 9.

Estamos numa primeira onda de adaptação ao SFDR. A aproximação varia significativamente entre gestoras. Assim, temos de interpretar os seguintes dados com a necessária cautela. Dito isto, podemos começar a observar algumas tendências interessantes.

Quanto dinheiro há em fundos ESG na Europa? Só estamos no início

primavera flor ESG
Percentagem da gama em fundos classificados sob o Artigo 8 ou 9

O gráfico anterior mostra a percentagem dos ativos das gestoras em fundos sob o Artigo 8 ou 9. Como vemos, há grandes diferenças. Há gestoras com 100% da sua gama em fundos sustentáveis como é o caso da SSP ou da Mirova (afiliada da Natixis IM), que classificou todos os seus 25 fundos sob o Artigo 9. Em geral, as nórdicas e dinamarquesas, pioneiras em sustentabilidade, são as que contam com uma maior percentagem de gama sustentável. A Robeco tem 96% enquanto o SEB tem 82%.

Notoriamente, entre as grandes empresas essa percentagem reduz-se. As casas francesas Amundi e BNP Paribas classificaram 60% a 80% dos seus fundos como sustentáveis. Mas outras importantes movem-se em números mais baixos. A BlackRock com 17% ou a J.P. Morgan AM com apenas 15%.

Mas é aqui que temos de ser precisos. A maioria das gestoras com as quais falou a Morningstar recordam que é só o primeiro exercício de classificação. Muitas têm planos para trazer mais fundos sob o Artigo 8 ou 9. No caso da J.P.Morgan AM, precisamente, optaram pela prudência na classificação. Como primeiro passo só classificaram os fundos sustentáveis existentes sob os Artigos 8 e 9.

E, insistimos, só estamos na ponta do iceberg da ISR. A J.P. Morgan AM adiantou que fará um esforço para retocar produtos adicionais para melhorar a sua classificação. E gestoras como a DWS, a UBS, a Schroders ou a Aviva anunciaram medidas semelhantes. Muitas entidades vão fazer mudanças necessárias para que vários dos seus fundos se classifiquem pelo menos sob o Artigo 8.

“Para muitos dos gestores com os que falámos, é fundamental ter tantos fundos quanto possível classificados em virtude dos Artigos 8 e 9”, contam na Morningstar. Não só pelo seu compromisso com a ISR, mas também porque sentem a pressão de alguns distribuidores e selecionadores que disseram que só vão considerar fundos nas categorias do Artigo 8 e 9 no futuro.