O ano passado apresentou somas históricas, já que a Europa atraiu 126.000 milhões de dólares. Este é um valor que supera os máximos de 2005. Apesar disso, a maioria das carteiras dos investidores americanos continuam a subponderar a bolsa europeia.
São cada vez mais os investidores norte-americanos interessados em títulos europeus, sendo que esse interesse comprador continuará a aumentar. Tal facto é constatado pelos especialistas da Fidelity Worlwide Investment, depois de perceberem que no passado mês de dezembro se registaram fluxos de dinheiro record vindos dos EUA, a entrar no velho continente: mais propriamente 23.000 milhões de dólares. No total do valor do ano passado também se registaram somas históricas, já que a Europa atraiu 126.000 milhões de dólares. Esta é uma soma que supera o record anterior, que foi registado em 2005.
Apesar deste elevado volume, o certo é que a maioria das carteiras dos investidores americanos continuam a subponderar a bolsa europeia. Os especialistas da Fidelity também assinalam essa tendência, comparando as posições atuais, com as ponderações anteriores à crise do subprime. “Mais alguns meses de fortes fluxos de entrada nas ações europeias poderiam estreitar a diferença na tendência, mas as entradas fortes poderão persistir por algum tempo, se os investidores norte-americanos se movimentarem para uma posição de sobreponderação na bolsa europeia”, explicam da empresa americana.
Após as fortes saídas de dinheiro dos últimos três anos, os especialistas da Fidelity não só observam a reversão dos fluxos, mas contextualizam-na dentro de uma tendência global: no ano passado foram os fundos de gestão ativa que atraíram a grande parte do dinheiro, face à gestão passiva. “Parece uma resposta racional do gestor perante a queda das correlações e perante a expectativa de que se aumente a dispersão dos retornos no futuro”, referem.
Perante isto, da Fidelity indicam cinco factores chave nos quais acreditam que se vão sustentar as próximas entradas de dinheiro em território europeu. O primeiro são as valorizações relativas: as ações europeias continuam a manter-se atrativas em comparação com outras regiões, tendo em conta o PER ciclicamente ajustado. O segundo é o crescimento dos lucros: os especialistas interpretam a recente expansão de múltiplos como “um prelúdio de uma recuperação significativa no crescimento dos lucros das empresas europeias”.
O terceiro ponto chave é macro, por considerarem que a recuperação económica na Europa também apoiou as subscrições. Exemplo disso é a melhoria nos índices PMI, ou ainda o facto de alguns países periféricos estarem a registar superavit em conta corrente. O quarto ponto assenta na melhoria da confiança do investidor. Para os especialistas da Fidelity, o exemplo mais claro desta visão mais positiva foi o rally nos títulos de dívida soberana periférica, que alcançaram níveis anteriores aos da crise. Por último, mas não menos importante, o quinto ponto refere a melhoria das perspetivas para a atividade industrial.
“Acreditamos que a combinação entre o retorno da confiança, a melhoria no contexto macro, e os balanços fortes em muitas empresas, pode resultar numa forte possibilidade de uma nova etapa de apoio à atividade corporativa na Europa”, concluem da empresa.