Da classe retail à classe limpa: quanto poderão poupar os investidores com a transição?

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architer, Flickr, Creative Commons

A introdução da classe limpa na vizinha Espanha faz com que muitos clientes possam transferir os seus investimentos em fundos de investimento em classes tradicionais para os mesmos produtos, mas com classes mais baratas, nomeadamente para a designada classe limpa. No mercado espanhol, a maioria das entidades registou a sua classe limpa e o processo de transferência está em prática. A questão é saber quanto dinheiro os investidores poderão poupar ao passar o seu dinheiro da classe tradicional para a nova classe livre de retrocessões. No Reino Unido, um país que já cumpre com as exigências há cinco anos de acordo com o que a Retail Distribution Review decreta, já tem a resposta para essa pergunta.

Segundo o estudo realizado pela Fitz Partners, o desconto médio geral para os fundos de ações domiciliados no Reino Unido alcança os 44%. Contudo, na sua análise, recordam que algumas gestoras de ativos têm estado a reduzir ainda mais os gastos totais dos produtos que comercializam, muitas vezes baixando substancialmente, as suas comissões de gestão e mantendo outros gastos baixos, como os da administração. Isto faz com que as reduções de preços não tenham sido homogéneas para toda a indústria e que, ao passar o dinheiro da classe retail tradicional para a classe limpa, as descidas não sejam semelhantes. Na verdade, tem a ver com cada entidade.

No Reino Unido, a Baillie Gifford foi a gestora que registou o maior desconto. Os clientes da entidade beneficiaram de uma queda do custo médio dos produtos que comercializa na ordem dos 55%, ao passar os seus investimentos da classe pré-RDR para a classe limpa. Antes da implementação da RDR, o custo total médio da classe retail dos fundos da boutique era de 1,54%. Agora, com a classe limpa, é de 0,69%. Segue-lhe a Old Mutual Global Investors, a Legal & General,Franklin Templeton e a BNY Mellon IM. Todas elas viram o gasto total médio dos seus fundos reduzir-se para aproximadamente metade com o clean share.

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No que diz respeito exclusivamente às comissões de gestão, o ranking é liderado pela Old Mutual Global Investors. É a empresa que no Reino Unido fez um esforço maior para reduzir as suas taxas após a entrada em vigor do novo quadro regulamentar. Em termos percentuais, reduziram-nas em cerca de 59%. Antes da implementação da RDR, a comissão média da classe retail dos seus fundos era de 1,53%. Após a sua entrada em vigor, de 0,63%. Abaixo situam-se a Baillie Gifford (que reduziu a sua comissão de gestão em cerca de 56%), a Franklin Templeton (-55%), aSchroders (-53%) e a Legal & General (-52%).

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Isto foi o que aconteceu no Reino Unido, mas… o que pode acontecer na Europa? Uma vez que a Fitz Partners também classifica todas as classes de ações para fundos internacionais europeus, a empresa pôde fazer os seus cálculos sobre o nível médio de desconto no gasto total ao passar da classe retail para a classe limpa. A sua estimativa aponta para uma redução na ordem dos 40%. Embora se trate de uma descida ligeiramente inferior ao registado no Reino Unido, na Fitz Partners mostram-se convictos de que esta percentagem irá aumentar no futuro perante o desenvolvimento e o aumento constante das chamadas classes super limpas.