O estratega enfatiza a importância de uma gestão cuidadosa do risco, especialmente em relação à exposição a divisas e à seleção de ativos.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Num panorama económico global em constante evolução, com fatores geopolíticos que pesam sobre a alocação de ativos e eleições presidenciais muito próximas que terão impacto nos mercados financeiros internacionais, é importante conhecer a visão especialista de Desmond Lawrence, estratega sénior de Investimentos na State Street Global Advisors.
O especialista partilha as suas perspetivas para o próximo ano, centrando-se nas obrigações corporativas high yield e nas oportunidades em mercados emergentes, oferecendo um guia para os investidores que procuram otimizar as suas carteiras num contexto de cortes de taxas de juro.
No entanto, enfatiza a importância de uma gestão cuidadosa do risco, especialmente em relação à exposição a divisas e à seleção de ativos em mercados emergentes. Os investidores que seguirem estas recomendações poderão estar bem posicionados para navegarem no panorama económico em evolução do próximo ano.
Oportunidades em obrigações high yield de mercados desenvolvidos
O especialista vê oportunidades atrativas nas obrigações corporativas de mercados desenvolvidos e destaca três fatores-chave que sustentam esta visão:
- Cortes de taxas esperados: os cortes de taxas previstos pelos principais bancos centrais beneficiarão as obrigações corporativas ao reduzir o custo de financiamento das empresas;
- Revolução digital e produtividade: a implementação da inteligência artificial generativa poderá melhorar significativamente a produtividade, o que será positivo para as margens corporativas e terá um efeito desinflacionário;
- Qualidade creditícia: observa que a alavancagem global se mantém em níveis saudáveis e que a cobertura de juros continua robusta, o que sugere uma boa qualidade creditícia em geral.
Estratégias para mercados emergentes
Quanto aos mercados emergentes, Desmond Lawrence oferece uma perspetiva diferenciada. Enquanto reconhece os desafios que a China enfrenta, com dados económicos negativos e uma desaceleração do crescimento, alerta que é importante distinguir entre a economia chinesa e o mercado de títulos chineses. Sugere que pode haver oportunidades na gestão ativa de ações chinesas, selecionando cuidadosamente empresas competitivas com bons fundamentais.
Por outro lado, para a Índia e outros mercados emergentes, o estratega vê a Índia de forma mais positiva, destacando a sua trajetória de dívida mais estável em comparação com a da China, segundo as projeções do FMI. Desmond Lawrence também menciona oportunidades na dívida de mercados emergentes, tanto em moeda local, como em moeda forte, sugerindo que poderão ser um bom complemento para as carteiras de investimento.
Alocação de ativos e considerações para os investidores
Desmond Lawrence aconselha os investidores a olharem para além de acontecimentos a curto prazo, como as eleições norte-americanas, e a centrarem-se em objetivos a longo prazo para a sua alocação de ativos. No entanto, oferece algumas recomendações específicas:
- Obrigações governamentais: considera que as obrigações do Tesouro dos EUA e os seus equivalentes europeus oferecem valor, especialmente se houver um retrocesso nas yields;
- Obrigações corporativas high yield: vê oportunidades neste segmento, visto que muitas empresas refinanciaram a sua dívida em condições favoráveis;
- Dívida de mercados emergentes: sugere uma combinação de dívida em moeda local e em moeda forte, com uma possível alocação de 67% em moeda forte e 33% em moeda local;
- Ações: embora historicamente tenha favorecido as ações de grande capitalização e de qualidade, Desmond Lawrence assinala que as ações de pequena capitalização poderão beneficiar de um ciclo de corte de taxas.
Um cenário central que se mantém
Desmond Lawrence argumenta que o cenário base para 2024 é uma aterragem suave da economia. Esta projeção é fundamentada na expetativa de que os bancos centrais vão responder à deterioração das perspetivas económicas com cortes das taxas de juro, argumentando que estes têm a capacidade de fazê-lo devido à rápida diminuição da inflação.
Nos EUA, Desmond Lawrence assinala que a inflação subjacente de três meses já voltou ao objetivo de 2% da Reserva Federal. Na Europa, embora a inflação de serviços continue elevada, em cerca de 4%, observa-se uma estabilização nos acordos salariais negociados, o que poderá conduzir a uma moderação da inflação a médio prazo.
O estratega da State Street Global Advisors enfatiza que os bancos centrais não precisam de que a inflação atinja exatamente o seu objetivo para começarem a cortar as taxas. Podem agir antes se estiverem seguros de que a tendência vai na direção certa.