Em Portugal, o volume investido em OICVM estrangeiros é quase uma incógnita, muito embora estimativas apontem para os 3.000 milhões de euros. Quais as entidades que mais distribuem e a que segmento de clientes?
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O mercado nacional apresenta - como seria expectável dada a dimensão do país - um volume menor de investimento em organismos de investimento colectivo estrangeiros do que os seus pares europeus. Apesar de não existirem estatísticas oficiais com o valor investido em fundos estrangeiros, estimativas do mercado apontam para os 3.000 milhões de euros.
Quando as contas se referem ao registo de produtos/entidades junto da CMVM, contam-se 68 sociedades gestoras internacionais com produtos autorizados para comercialização no nosso país. No total, tratam-se de 138 organismos de investimento coletivo em valores mobiliários (OICVM) estrangeiros. Estes são distribuídos por 23 entidades do mercado nacional, sendo que algumas apresentam uma oferta bastante ampla e diversificada.
Sublinha-se o grande crescimento verificado nos últimos anos neste âmbito, dado que em maio do ano passado eram perto de 60, as gestoras internacionais com produtos registados no mercado português, sendo que atualmente esse número se aproxima das 70 entidades. Isto revela claramente o maior interesse destas casas de investimento pelo mercado nacional, assim como a maior popularidade do veículo fundo de investimento entre a comunidade de investidores.
Em Portugal e, de acordo com dados do regulador, o Banco Best é a entidade que distribui o maior número de OICVM estrageiros. A plataforma disponibiliza mais de 2.400 produtos de diversas entidades internacionais, como é o caso da Amundi, Franklin Templeton, iShares/BlackRock, J.P.Morgan Asset Management, Pioneer ou Schroders, entre muitas mais entidades. Em 2015, começou a distribuir fundos da Oddo Asset Management e da Brown Advisory. Mais recentemente disponibilizou na sua plataforma produtos da M&G Investments.
As restantes plataformas de fundos de investimento também disponibilizam um grande número e variedade de fundos de investimento. De acordo com os dados do regulador, tanto o ActivoBank como o BiG – Banco de Investimento Global, ‘oferecem’ ao mercado retalhista mais de 1.600 fundos de investimento. Em 2015 o BiG começou a distribuir produto da Mirae Asset Global Investment Group.
Ambas as entidades distribuem produtos da Amundi, Franklin Templeton, J.P.Morgan Asset Management e da Fidelity, entre outras reconhecidas casas de investimento internacionais.
Relembre-se que a venda do ActivoBank está na agenda do Millennium BCP, tendo já sido tornado público o interesse de alguns investidores. Além dos potenciais compradores que lhe demos a conhecer nas últimas semanas, segundo o publicado pelo Semanário Expresso, também o Banco Popular como o BiG ponderam esta aquisição.
Arquitetura aberta/guiada na senda da diversificação
Além das plataformas que distribuem fundos na grande maioria a investidores de retalho ou do segmento affluent, existem outras entidades que fazem a colocação deste tipo de produto financeiro. Essencialmente no segmento de gestão de elevados patrimónios, a maioria das instituições financeiras nacionais trabalham numa lógica de arquitetura aberta há já alguns anos, isto é, comercializam tanto fundos domésticos como internacionais.
O Millennium BCP é um destes exemplos, sendo a entidade que se segue no toca à disponibilização do maior número de fundos de investimento. No banco liderado por Nuno Amado, tem-se vindo a verificar esforços no sentido de alargar a lógica de arquitetura aberta aos distintos segmentos de clientes, a fim de diversificar cada vez mais a oferta da instituição financeira.
Numa entrevista dada à Funds People Portugal no final de 2013, Nuno Botelho, da Wealth Management Unit do Millennium BCP, ou seja, área responsável pela seleção de fundos de terceiros, comentou precisamente a expansão da lógica de arquitetura aberta/guiada à rede de retalho, dado o sucesso que a mesma registava no private banking.
Mais recentemente, na última revista Funds People Portugal, o profissional em conjunto com Inês Correia de Oliveira, igualmente responsável por esta área do banco, falavam de uma transversalidade da arquitetura guida aos vários segmentos de clientes - retalho, affluent e private banking - que inclui cerca de 70 fundos de gestoras especializadas.
Além do Millennium BCP, também outras entidades como os casos do Banco BPI, o Santander Totta ou o Barclays que nos segmentos affluent fazem a colocação de fundos estrangeiros de forma direta ou indirecta utilizando carteiras 'perfiladas' no formato seguro ou fundos de fundos. Outro exemplo desta prática é o Banco Invest que em menor dimensão do que as instituições acima mencionadas (Banco Best, BiG e ActivoBank), disponibiliza uma plataforma com aproximadamente 600 fundos de investimento de 20 sociedades gestoras.
Todavia, a realidade nacional e, muito embora, o veículo fundo de investimento ganhe cada vez mais popularidade dado o atual contexto de mercado, a possível complexidade e sofisticação que o investimento no mesmo requer, faz com que seja essencialmente nos 'high net worth individuals' que esta lógica de arquitetura aberta e diversificação de carteiras - seja na versão de gestão discricionária ou advisory - se tenha tornado mais evidente.