A abordagem do BoE assemelha-se à da Fed com uma meta para o desemprego definida e algumas outras condições a serem cumpridas antes de alterarem a sua política
Com a publicação do último relatório sobre a inflação, o Banco de Inglaterra (BoE) passou a fazer parte do “clube” dos bancos centrais que estão empenhados em não reduzir a sua postura política (no que diz respeito às taxas de juro, por exemplo) e em não diminuir os programas de compras de activos por um período prolongado de tempo.
Na opinião dos dois Economistas da UBS Global AM, Joshua McCallum e Gianluca Moretti, a nova estrutura de política monetária do BoE tem implícitos alguns preconceitos. ”Devido à rigidez do mercado de trabalho, a taxa de desemprego normalmente atrasa o crescimento em cerca de um quarto”, dizem. Para os dois especialistas isto significa que “o BoE vai manter as taxas mais baixas do que o ritmo de crescimento poderia sugerir”.
A escolha de uma barreira de 0,5% acima da meta oficial de inflação pode implicar que o BoE esteja diposto a tolerar uma inflação alta por mais tempo. Finalmente, em contraste com o que acontece nos Estados Unidos, a inflação no Reino Unido já está acima do esperado e é provável que continue por mais algum tempo, o que para os dois economistas, significa que as taxas reais no país possam continuar num nível baixo por um período prolongado de tempo.
Comparações com a Fed
Relembrando a experiência da Fed nos Estados Unidos, Joshua McCallum e Gianluca Moretti referem que o guia de orientação relativo ao desemprego pode ser uma faca de dois gumes, já que o desemprego pode baixar pela “razão certa”, se o crescimento acelerar, mas, por outro lado, pode baixar pela “razão errada”, se as pessoas decidirem deixar a força do trabalho. Os especialistas alertam que o Reino Unido tem experienciado que a pressão inflacionária pode ser mais resiliente do que o esperado.
Apesar de para muitos ser evidente que o BoE iria adoptar um guia idêntico ao da Fed, os economistas reiteram que existem diferenças. “Nos EUA existe uma forte correlação entre o fosso do desemprego e a inflação futura. Já no Reino Unido essa relação não é tão forte, em parte devido ao facto de o Reino Unido ser uma pequena economia aberta e os preços de importação e as taxas de câmbio serem condutores mais importantes da inflação”, sublinham.
No entanto, dizem, com as taxas de juro perto do zero, o guia de previsões pode trazer vantagens, como por exemplo ajudar a esclarecer as funções de reacção do Banco Central e reduzir a incerteza sobre a orientação da política no futuro.