Com esta operação, o CaixaBank soma cerca de 4.900 milhões de euros de ativos sob gestão do grupo britânico.
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O processo de concentração bancária veio para ficar. Mais uma operação fechada e, desta vez, veio do país vizinho sem repercussões, pelo que a Funds People conseguiu apurar, para o nosso país. Quando em maio o Barclays colocou sob revisão o seu negócio retail em Portugal e Espanha, considerado não estratégico, começava em ambos os mercados a “corrida” pela actividade bancária da instituição britânica. O processo chegou agora ao fim, em Espanha, ao fim de quatro meses, depois de um acordo alcançado pelo CaixaBank com o Barclays Bank PLC para adquirir a sociedade Barclays Bank SAU, pela importância de 800 milhões de euros. O preço será ajustado, segundo indicam, em função do património líquido da entidade no final do ano.
Esta sociedade é responsável pela gestão da banca de retalho, gestão de patrimónios e banca de empresas da instituição britânica em Espanha. Desta forma, entra também no acordo a divisão de Wealth and Investment Management (gestão de patrimónios do Barclays) liderada por Iñigo Calderón, onde se enquadra a actividade da banca privada e da gestora local, Barclays Wealth Managers España.
Isto é, sem dúvida, um dos pilares fundamentais para o CaixaBank que, como assinala Gonzalo Cortázar, CEO do banco, lhes permitirá potenciar o seu negócio de banca de particulares e banca privada em Espanha e acelerar o processo de crescimento orgânico.
Com esta aquisição, o banco presidido por Isidro Fainé (na foto, com Gonzalo Cortázar) passa a incorporar aproximadamente 550.000 novos clientes, principalmente no segmento da banca de retalho, banca privada e de particulares, uma rede de 270 agências e cerca de 2.400 colaboradores.
Relativamente a números, de acordo com a informação tornada pública no dia de ontem pelo CaixaBank, o Barclays Bank SAU conta, em Espanha, com 4.900 milhões de euros de ativos sob gestão, 18.400 milhões de euros em empréstimos líquidos e 9.900 milhões em depósitos de clientes.
Só o negócio da banca privada, segundo os últimos valores indicados pela entidade à Funds People, o património ascendia a 4.000 milhões de euros. Por outro lado, a gestora conta com um património, de acordo com dados da Inverco no fecho do primeiro semestre, de quase 2.600 milhões, em conjunto com os 683 milhões na SICAV.
Operação pendente de autorização
A execução do acordo de compra e venda está prevista para o final do ano e está sujeita à obtenção das autorizações dos organismos competentes e entidades reguladoras. Após a assinatura do acordo de compra, sublinham, iniciar-se-á um processo de integração de equipas que se prevê que termine nos próximos meses e que terá como objetivo combinar o melhor de ambos os modelos e culturas empresariais.
Exclusões do negócio
A Funds People conseguiu saber que a divisão da instituição britânica em Portugal não está incluída nesta operação. No global existiam algumas diferenças entre os negócios de Portugal e Espanha, sendo uma das principais o facto do segmento da banca privada, no nosso país, se inserir no negócio retail e, por conseguinte, considerado non core para o Barclays e separado da gestora local – Barclays Wealth Managers Portugal. Ao que a Funds People conseguiu apurar a instituição britânica, de forma a tornar-se mais atrativa para potenciais compradores, começará com um novo programa de saídas.
Sublinha-se, ainda, que o CaixaBank S.A., detido a 64,4% pela entidade-mãe do Grupo La Caixa, tem uma participação efectiva no Banco BPI, segundo o relatório e contas da entidade portuguesa, de 46,22% a 31 de dezembro de 2013.
Além disso, ficam ainda excluídos desta operação o negócio de banca de investimento e Barclaycard, que vão continuar sob a responsabilidade do Barclays Bank PLC.
Peso reforçado em Madrid
Por último, esta operação chega um mês depois do BBVA ter ganho o leilão – no qual também participaram o CaixaBank e o Santander – de Catalunya Banc, um movimento que dá ao banco presidido por Francisco González uma posição de destaque na Catalunha.
O CaixaBank, líder nesta Comunidade Autónoma, dá o passo para incrementar a sua presença na capital espanhola – Madrid, região onde a instituição britânica tem maior peso, por número de agências. De acordo com a página web, até 114 das 270 agências estão em Madrid, contrapondo, por exemplo, com as 25 existentes em Barcelona.
Estes dois são os últimos passos de anos de reestruturação do sector bancário espanhol, onde ambas as instituições bancárias, participaram ativamente. Recorde-se que, no caso do CaixaBank, este ficou com a Banca Cívica e o Banco de Valencia. Isto além de ter integrado em 2008 o negócio de banca privada da Morgan Stanley em Espanha.