Evolução das captações líquidas nos últimos nove anos (Parte II, 2012-2017)

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dview.us, Flickr, Creative Commons

Depois de termos observado e analisado o comportamento das categorias de fundos de investimento no período entre 2008 e 2011, olhemos agora para a evolução das captações líquidas entre 2012 e 2016. Quais as categorias que registaram os melhores resultados no que diz respeito a captações líquidas? 

A classe de ativos que se destacou em 2012 acabou por ser a de obrigações. Isto porque neste período o saldo total de captações líquidas ascendeu a mais de 500 milhões de euros, número para o qual contribuíram de forma significativa as categorias compostas por esta classe de ativos. Como tal, a tendência verificada anteriormente manteve-se, com a categoria Moderate Allocation a registar um saldo positivo novamente superior a 400 milhões de euros. Uma das alterações verificadas neste período está relacionada com a categoria Euro Fixed Income, que obteve um saldo positivo de subscrições líquidas de cerca de 189,8 milhões de euros. Num contexto de prémio de risco mais elevado, a categoria High Yield Fixed Income foi um dos destaques neste período, ultrapassando os 80 milhões de euros em subscrições líquidas.

No sentido inverso estiveram as categorias compostas por fundos de ações, o que poderá refletir uma manutenção da tendência de aversão ao risco por parte dos investidores, que preferiram optar por ativos que, à data, apresentavam retornos mais elevados ou que apresentassem maior segurança.

Recuperação no pós-crise de dívida soberana

O período entre 2012 e 2014 revelou ser positivo no que diz respeito às subscrições líquidas registadas pela totalidade dos fundos de investimento nacionais, uma vez que se registou um saldo positivo em cada um destes anos. Como verificámos, a crise da dívida soberana foi um dos temas em destaque nesse período, o que se refletiu no saldo positivo para a categoria de Euro Fixed Income tanto em 2013 como em 2014, que ascendeu a cerca de 1.059 milhões de euros e 84,7 milhões de euros, respetivamente.

Por outro lado, é possível observar que a categoria de Euro Money Market registou um comportamento que poderá estar relacionado com uma alteração do contexto de redução de aversão ao risco por parte dos investidores. De facto, depois de em 2012 e 2013 ter fechado o ano com um saldo positivo de subscrições líquidas, fecha os anos de 2014 e 2015 com um saldo negativo em ambos os anos. Na verdade, o saldo registado pela categoria Moderate Allocation parece contribuir para esta alteração de tendência, uma vez que fechou o ano de 2014 com um total de subscrições líquidas de -680,6 milhões de euros.

Com um saldo total de subscrições menos resgates positivo de 1.462,4 milhões de euros, o ano 2015 foi o segundo melhor ano desde 2008. As categorias em destaque neste período foram a Moderate Allocation (onde se inserem os produtos nacionais mais defensivos) com um saldo total de captações líquidas de 984,9 milhões de euros, seguida da categoria de fundos de obrigações europeias, que obteve um saldo positivo de 456,9 milhões de euros, e da categoria de fundos de ações americanas com um total de 228,9 milhões de euros.

A recuperação foi interrompida em 2016, ano em que as captações líquidas fecharam em terreno negativo, nos 332,1 milhões de euros. Ainda que a grande maioria das categorias tenha registado um saldo negativo, a categoria de fundos de obrigações europeias foi aquela que mais se destacou. Isto porque no ano em questão registou um saldo negativo de 533,7 milhões de euros, o que poderá ser visto como alteração das preferências dos investidores, uma vez que nesse ano se inicia uma estabilização da situação económica dos países periféricos europeus.

Segundo os dados da Morningstar Direct, o primeiro semestre de 2017 parece representar uma recuperação face ao ano anterior, uma vez que o saldo total de subscrições líquidas ascendeu a cerca de 707,2 milhões de euros. A categoria que se destacou nos primeiros seis meses do ano foi a de Cautious Allocation, apresentando um total de subscrições líquidas superior a 500 milhões de euros. Por outro lado, os saldos apresentados pelas categorias compostas por fundos de ações poderão sugerir uma preferência por estratégias mais agressivas. O gráfico abaixo representa os movimentos relativos aos saldos de subscrições líquidas das três maiores categorias entre o final de 2008 e o primeiro semestre deste ano.

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Fonte: Morningstar Direct, 30 de junho de 2017