Os fatores relacionados com a oferta foram os principais impulsionadores do aumento da inflação em todo o mundo, embora o seu peso varie segundo as zonas geográficas. Segundo os dados analisados por Silvia Dall’Angelo, economista sénior, nos Estados Unidos, a Reserva Federal de San Francisco estima que aproximadamente metade da inflação se deve a disrupções na oferta.
A correção dos desajustes nas cadeias de abastecimento mundiais é um fator essencial da redução da inflação no cenário base da Federated Hermes para 2023. A recente evolução foi animadora, afirmam. Os preços dos transportes de mercadorias diminuíram, com uma queda dos preços dos contentores de cerca de 60% este ano. O congestionamento portuário também melhorou em todas as áreas e os atrasos diminuíram significativamente em comparação com o início do ano. Os prazos de entrega citados no inquérito PMI industrial indicam melhorias globais e os preços de produção também abrandaram.
Resumindo esta evolução, o Índice de Pressão da Cadeia de Abastecimento Global elaborado pelo Banco da Reserva Federal de Nova Iorque mostrou uma melhoria significativa e constante entre maio e setembro de 2022, como ilustra o gráfico anterior. O índice sugere que os níveis normais estão ao alcance em 2023.
Em termos mais gerais, é possível que algumas das perturbações de abastecimento que a pandemia e a guerra na Ucrânia desencadearam se tornem mais permanentes. A longo prazo, o impacto das alterações climáticas também poderá contribuir para um cenário de limitações da oferta (por exemplo, escassez de alimentos), enquanto uma transição descoordenada e mal gerida para as zero emissões líquidas será, sem dúvida, ineficiente e dispendiosa.
Em geral, Dall’Angelo vê a possibilidade de estarmos a caminhar para um mundo dominado pelas limitações da oferta e por lentos, mas implacáveis, reajustes da cadeia de abastecimento, o que pode implicar uma maior inflação, pelo menos em comparação com a era pré-COVID.
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