Os fundos de gestão passiva continuam no seu trilho de resiliência em 2015, e em novembro foram as divergências de política monetária entre os Bancos centrais que suportaram os inflows.
Praticamente a um mês do fim de 2015, os ETPs a nível global continuam a arrecadar dinheiro. O último BlackRock Global ETP Landscape, elaborado pela BlackRock, mostra precisamente que no penúltimo mês do ano estes produtos, em termos globais, arrecadaram 28,2 mil milhões de dólares. O grande impulso do mês, segundo o que relatam no documento, foi dado pelos produtos que seguem as ações americanas, e também pelos fundos de ações de mercados desenvolvidos em geral. Os fluxos de entrada que se dirigiram aos produtos atrás descritos foram suportados “pela melhoria dos dados económicos nos EUA e pelas expectativas sobre o Banco Central Europeu de expansão do programa de estímulos”.
Sem perda de fôlego, a indústria de gestão passiva continua num trilho positivo, com um record de entradas de 302,4 mil milhões de dólares nos meses já decorridos de 2015, o que compara com os 283,9 mil milhões de dólares do mesmo período de 2014.
Bancos centrais deram “empurrão” nas subscrições
Como já referido, os fundos que seguem o mercado norte-americano foram as “estrelas” de novembro, conseguindo o seu melhor mês em 2015, no qual arrecadaram subscrições de 21,4 mil milhões de dólares, muito por causa das perspetiva de um “outlook económico mais positivo nas últimas minutas da Fed”. Também as “promessas” de Mario Draghi em novembro, de “fazer o que for necessário para subir a inflação o mais rápido possível”, foram um bom suporte, “impulsionando as ações europeias, enquanto as yields das obrigações afundaram num território ainda mais negativo”. Contudo, no relatório da BlackRock é sublinhado que acabaram por ser os produtos de ações de mercados desenvolvidos em geral a saírem mais beneficiados, com inflows na ordem dos 6,4 mil milhões de dólares, ao passo que os ETFs de ações pan-europeias ficaram-se pelos 1,4 mil milhões de dólares de subscrições no mês.
Por seu lado, na Ásia, o abrandamento da China teve influência nas bolsas dos mercados emergentes e, consequentemente, nos próprios fundos que investem neste mercado acionista. Os fundos de ações de mercados emergentes registaram resgates de 2,5 mil milhões de dólares, conduzidos pelas saídas nos fundos de ações chinesas de onde saíram 2 mil milhões de dólares. Depois de um outubro com alguma resiliência, os produtos focados no mercado de dívida também saíram a perder em novembro, com os fundos que investem nas obrigações do tesouro norte-americanas a registarem outflows de 4,5 mil milhões de dólares.
Ursula Marchioni, chief strategist EMEA, da iShares, confirma que em novembro as os fluxos nos ETPs em termos globais foram guiados “pelas divergências entre as políticas dos vários bancos centrais”. Aitor Jauregui, Head of Business Development da BlackRock para Portugal, Espanha e Andorra, refere que “os fluxos nos ETPs europeus estão num nível histórico, impulsionados pelos fundos de ações em novembro, enquanto os fluxos nos produtos de obrigações se mantiveram quase inalterados”. Acrescenta que “enquanto as ações da zona euro arrecadam grande parte das subscrições no seio dos mercados desenvolvidos nos meses já decorridos do ano, em novembro os investidores decidiram procurar oportunidades de mercado, em vez de se manterem numa tendência focada no mercado doméstico".