Fundos multiativos por categoria: a diferença que fez fevereiro nos retornos a 12 meses

Analisados os fundos de ações e os fundos de obrigações, olhamos agora para como se comportaram os fundos multiativos de entidades portuguesas, por categoria, nos retornos a 12 meses com referência ao final de 2019 e ao final de fevereiro. Fevereiro marcou o início de uma reação mais agressiva dos mercados ao alastramento mundial do vírus COVID 19 e os ativos de risco ressentiram-se. Março tem piorado significativamente as quedas dos mercados de ações e nem a dívida escapa. No entanto, com referência ao final do segundo mês do ano, o que vimos foi que os fundos de obrigações mantiveram retorno positivo e significativo, o que, no atual contexto, ajudou a amenizar a volatilidade nas carteiras. No geral, as diferentes categorias mostraram retornos apenas ligeiramente menores com referência ao final de fevereiro e uma delas - categoria de obrigações governamentais - mostra, inclusive, melhores retornos no período de 12 meses mais recente considerado.

Já no que se refere aos fundos de ações nos retornos a 12 meses dos fundos de ações portugueses ou luxemburgueses de entidades nacionais variaram significativamente entre 31 de dezembro e 29 de fevereiro. Como reportámos, em média, o conjunto de 51 fundos de ações portugueses ou luxemburgueses de entidades gestoras ou distribuidoras nacionais viu os retornos um ano recuarem de 19,73% a 31 de dezembro de 2019, para os -0,46% nos 12 meses que terminam em fevereiro de 2020.

Nunca é demais enfatizar que períodos de volatilidade e incerteza são comuns no mercado de ações e também uma das razões porque os investidores nesta e noutras classes de ativos de maior risco são premiados com retornos superiores no investimento a longo prazo. Publicava a Funds People recentemente num artigo que fazer market timing é muito difícil. No mundo dos investimentos há várias leis fundamentais, que não deveriam ser violadas. Uma delas é evitar entrar e sair dos mercados ao ritmo que marcam as notícias dos meios de comunicação. Tal como recorda a Fidelity, os que mantêm os seus investimentos geralmente beneficiam da tendência bullish a longo prazo das bolsas. “Quando os investidores tentam acertar com os tempos de mercado e entram e saem dos seus investimentos, podem correr o risco de desgastar as rentabilidades futuras, já que se podem perder os dias de maior recuperação do mercado e as oportunidades de compra mais atrativas que geralmente aparecem em períodos de pessimismo. Perder as cinco melhores jornadas bolsistas pode ter um impacto importante nas rentabilidades a longo prazo”, sublinham.

Não obstante, olhamos agora para evolução da rentabilidade a 12 meses dos fundos de alocação de entidades nacionais. Neste sub-segmento de fundos de investimento que inclui a maior parte dos fundos de origem ou nacionalidade portuguesa, o diferencial entre os retornos a um ano com referência ao final de 2019 e final de fevereiro é coerente com o posicionamento perante o risco dos fundos que encaixam em cada uma das categorias. Os fundos de alocação agressiva, com maior exposição ao segmento accionista, mostram um diferencial na ordem dos 16%, enquanto os mais defensivos não ultrapassam os 6%. A média dos fundos de alocação moderada posicionam-se num ponto intermédio. Os fundos flexíveis, por seu lado, posicionam-se mais ou menos em linha com os de alocação moderada. 

De destacar que na data de análise nenhuma das médias era negativa e poucos eram os fundos mistos que à data de 29 de fevereiro mostravam rentabilidades em terreno negativo, apesar da correção de 10% dos mercados de ações e ao contrário do que aconteceu com muitos dos fundos de ações. O poder da diversificação vê-se aqui refletido. 

Abaixo a lista dos fundos considerados nesta análise e respetivos dados individuais.