Fundos portugueses de ações europeias apresentam, em média, o índice Sharpe mais baixo da Europa

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Mark Morgan Trinidad A, Flickr, Creative Commons

Volatilidade e rendibilidades. São estas as duas palavras principais do vocabulário financeiro que o gestor melhor tem de gerir no seu fundo de investimento. William Sharpe começou a relacionar estes dois indicadores, tendo criado o Índice Sharpe, que lhe valeu o Nobel da Economia em 1990.

Esta “descoberta” foi muito importante para o sector financeiro, já que este rácio avalia, além da rendibilidade, o risco de um investimento. Assim, o Índice Sharpe é um indicador que permite avaliar a relação entre o retorno e o risco de um investimento.

Média baixa no mercado nacional

Com o rácio Sharpe médio a situar-se nos 0,28, verifica-se que é um valor baixo. Este valor representa a mais baixa das médias dos principais países europeus. Assim, os mais de 3000 fundos de ações europeias existentes na Europa apresentaram um Sharpe médio de 0,48 entre outubro de 2010 e setembro de 2013. Os produtos domiciliados em Portugal oferecem o valor mais baixo entre os fundos de bolsa europeia dos dez maiores mercados da Europa.

Este valor de 0,28 representa cerca de metade da média dos fundos de ações europeias domiciliados na Irlanda e no Luxemburgo.

Em termos de fundos de investimento, o mais baixo vai para o fundo Montepio Euro Financial Services que tem um Sharpe Ratio de 0,12. Já o Montepio Euro Energy fixa-se nos 0,13. Já no ranking dos melhores rácios Sharpe, dos fundos de ações europeias geridos por gestoras nacionais, o grande destaque vai para o Montepio Euro Healthcare, com um rácio de 0,95, sendo de longe o produto campeão. 

Os melhores

Fora dos produtos com uma filosofia sectorial, os três produtos portugueses com o melhor Sharpe Ratio são: Millennium Eurocarteira com 0,43; Patris Acções Europa que apresenta um rácio de 0,37 e BPI Europa com 0,31.

 

Tributação prejudicou os fundos nacionais

No período analisado, os fundos portugueses estavam prejudicados face aos seus pares europeus no estudo comparativo devido ao facto de sofrerem tributação dentro do próprio fundo o que reduzia a sua rendibilidade. Na maioria dos países europeus, a tributação ocorre no momento de saída do fundo. A questão da tributação dos fundos está a ser alvo da proposta do Orçamento de Estado para 2014 e poderemos vir a assistir a uma colocação em “pé de igualdade” dos fundos estrangeiros e nacionais.

 

Pais

Média

Sharpe Ratio 2010-10-01 to 2013-09-30 (USD)

Alemanha

0.45

Áustria

0.37

Bélgica

0.49

Espanha

0.33

França

0.42

Holanda

0.52

Irlanda

0.58

Itália

0.43

Luxemburgo

0.52

Portugal

0.28

Reino Unido

0.67

Total

0.48

Este artigo está na base de uma análise do Sharpe Ratio dos últimos três anos de 18 fundos portugueses de ações europeias num universo de 3000 fundos que investem na mesma classe de ativos. A média que se calcula é com os produtos de cada país e o total europeu dos 3.000 fundos de ações europeias. Os dados foram retirados da Morningstar Direct.