FundsPeople Talks: a resposta às muitas incertezas macroeconómicas

A gestora de portefólios da MFS Investment Management acredita que “vai haver um processo natural de desinflação”. Contudo, o foco da gestora está na inflação core, em particular, a inflação resultante do crescimento dos salários. 

As pessoas estão cada vez mais expectantes no que concerne a inflação, os consumidores já ajustaram os seus padrões de consumo e quem negoceia salários também já reflete a sua preocupação sobre o tema. “Pessoalmente, penso que a inflação se deverá manter um problema. Acredito que viveremos um período de maior inflação e, também, de maior volatilidade da mesma. As empresas aproveitaram o último ano para subir preços indiscriminadamente e os consumidores vão agora adaptar os seus padrões de consumo e esta será a maior ameaça”, revela contundentemente Victoria Higley.

No mesmo tom segue Nicolas da Rosa. O responsável de vendas afirmou que “a inflação a que assistimos é muito sticky e que existe um gap entre o que a Fed idealiza e o que a economia irá refletir no fim do ano”. Os mercados descontam que a Fed irá baixar taxas de juro até ao final do ano, contudo, a visão da DPAM é que este cenário não será sustentado pelos dados macroeconómicos que se vão revelar.

Apesar disto, o especialista acredita que, mesmo assim, estamos perto do fim do ciclo de subidas de taxas e de abrandamento económico. Dito isto, Nicolas da Rosa revela: “Apesar da desaceleração económica que já esperávamos, os resultados apresentados pelas empresas não foram surpreendentemente negativos. Não houve um grande choque. As receitas não caíram significativamente e as empresas portaram-se bem durante a pior fase do ciclo. Está na altura de voltarmos a introduzir risco nas carteiras”.

O gestor comunga do tom positivo mencionado anteriormente. Para Gael Moreau os “tempos de subidas de taxas estão mesmo muito perto do fim”. Este acontecimento reforça a confiança de que a recuperação do péssimo ano transato para a classe de ativos seja uma realidade. “Acreditamos que agora podemos aumentar a duration do portefólio, mas mantemo-nos expectantes face a períodos de alguma volatilidade”, explica o profissional da Carmignac. Aqui, refere, entra a gestão ativa, que acredita ser agora ainda mais importante para navegar os mercados de dívida.

Em termos do tipo de dívida em que se deve investir, a diversificação é a chave para os gestores do fundo Carmignac Portfolio Flexible Bond. O especialista Gael Moreau explica: “Acredito que existem agora excelentes oportunidades dentro dos diversos setores, mas é preciso saber identificar as mesmas e ter especial cuidado no emitente em que se investe, particularmente nos títulos de dívida high yield”.

No início do ano já se adivinhava uma recessão e o cenário mantém-se. Para o especialista da Aviva Investors a dúvida resiste entre uma “soft landing ou uma hard landing”. O segundo cenário seria mais preocupante para a generalidade dos gestores, contudo, Barney Goodchild revela que “este medo não se faz tanto sentir nos mercado de dívida emergente”. “Os EUA e as decisões da Fed continuam a ter um impacto muito relevante no comportamento dos mercados emergentes. Apesar disto, o impacto tem diminuído com o crescimento dos países que fazem parte deste mercado e com o espicaçar do comércio intrapaíses em desenvolvimento” revela o profissional da Aviva Investors.

Posto isto, o especialista acaba com um tom cauteloso, mas positivo. “Não estamos num momento de apostar todas as fichas. Acreditamos, no entanto, que o pior cenário macroeconómico já passou. Com as condições atuais, sentimo-nos confiantes para investir em dívida de mercados emergentes e acrescentar valor ao investidor”, termina Barney Goodchild.