Hawkclaw: “Preferimos navegar em ambientes com um pouco mais de volatilidade por forma a tentar captar oportunidades”

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Alan Wu, Flickr, Creative Commons

Positivos, mas ligeiramente céticos. É este o sentimento da Hawkclaw Capital Advisors, sociedade de consultoria para investimento do Porto, que para a segunda metade do ano acredita numa mitigação dos riscos na Europa, por via do reforço do eixo central, mais exatamente com a proximidade de Macron-Merkel. Francisco Falcão, diretor geral, acredita que na Europa “os dados macroeconómicos deverão continuar a indicar melhorias significativas” mas, ainda assim, sentem-se com poucas certezas no que toca à inflação. “Estamos algo cépticos que a inflação registada no primeiro semestre mantenha a sua tendência, o que, no nosso entender, levará o BCE a manter a sua política monetária de acomodação”, explicita.

Dos EUA, o profissional espera que a segunda metade do ano seja marcada “pela reaceleração do crescimento económico e pela respetiva pressão inflacionista na região, permitindo à Fed continuar a sua política monetária de normalização”. Do lado da China, lembra que esta continua “em ligeiro abrandamento”, e a viver “um processo de reestruturação, sendo uma prioridade das autoridades orientar o crescimento económico pela via do consumo interno no longo prazo”. Após anos de deflação, a consultora assinala do lado do Japão o registo de “alguns sinais inflacionistas positivos”, que poderão “marcar um ponto de viragem após anos de deflação”.

Duration curta

Especialistas na chamada componente obrigacionista, da Hawkclaw Capital Advisors reconhecem que este será um ano “em que o espaço de apreciação desta classe será limitado devido aos atuais níveis das yields e spreads de crédito. Ainda assim, dentro desta classe de ativos, apostam em estratégias com uma duration curta, “privilegiando alguns nomes de high yield e emerging markets”. Na componente de ações, a Europa e os EUA são os mercados preferidos da consultora. Especificamente na Europa, vislumbram oportunidades “em sectores tais como o segurador, tecnologia, serviços de pagamentos, imobiliário”, ao passo que no mercado norte-americano “apenas o sector financeiro de especialidade ("private equity") aporta ainda algum valor”. Nos mercados emergentes mostram-se "positivamente cautelosos". Em termos genéricos, a consultora considera que nos encontramos num “ciclo maduro do bull market em diversas classes de ativos, e que a normalização da política monetária por parte de diversos bancos centrais irá aportar um maior nível de volatilidade nomeadamente nos EUA e mercados emergentes”. Um cenário que não querem apelidar de “negativo”, visto que em termos estratégicos preferem “navegar em ambientes com um pouco mais de volatilidade por forma a tentar captar oportunidades que daí advém e assim acrescentar valor ao serviço que prestamos aos nossos clientes”.

Embora a alocação a fundos de investimento não seja preferencial para a entidade nas alocações que realizam, por esta altura mostram-se favoráveis em relação a fundos de ações Europa, nomeadamente no ETF iShares Euro Stoxx Mid UCITS ETF. Outro posicionamento que consideram interessante é o do Pictet Global Megatrend Selection Fund, “dado o seu enfoque temático em tendências de médio-longo prazo”.