Hellman & Friedman e o fundo soberano de Singapura compram o Allfunds Bank por 1.800 milhões de euros

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Cedida

Segundo comunicou o Santander à CNMV, depois do evento significativo publicado no dia 16 de novembro, o Santander e os seus sócios no Allfunds Bank alcançaram um acordo para a venda de 100% do Allfunds Bank ao fundo de capital de risco norte-americano Hellman & Friedman e ainda ao GIC, o fundo soberano de Singapura. A operação vai acontecer por 1.800 milhões de euros.

Tanto o Santander como a Intesa Sanpaolo irão continuar a utilizar a plataforma B2B como acesso único à sua arquitectura aberta, beneficiando da sua posição de liderança e capacidade tecnológica. De acordo com os compradores Hellman & Friedman e GIC, o que mais valorizado na operação foi a posição de liderança da plataforma e o seu enorme potencial, juntamente com a qualidade e a experiência da equipa de gestão. Ambos consideram que se trata de um negócio único no seio do sector financeiro, com uma vocação global e tecnologia de ponta.

A estrutura acionista do Allfunds Bank é composta pelo Santander, com 25% do capital através da Santander Asset Management, os fundos Warburg Pincus e General Altlantic, com outros 25% através da Santander AM. Faz ainda parte a Eurizon Capital SGR, filial da Intesa Sanpaolo, com 50%.

Impacto para o Banco Santander

A venda do Allfunds - plataform dirigida por Juan Alcaraz - faz parte do acordo alcançado a 16 de novembro de 2016 entre o Santander e a Warburg Pincus e General Atlantic para adquirir a estas entidades 50% da gestora Santander Asset Management. O grupo Santander estima que a contrapartida obtida com a venda de 25% do Allfunds será de aproximadamente 470 milhões, o que representa um ganho líquido a rondar os 300 milhões de euros. A operação de 2018 - a venda do Allfunds Bank - juntamente com a compra de 50% da Santander Asset Management, que não faz parte da Santander - anunciado a 16 de novembro passado - irá ter um impacto positivo nos lucros por ação, como foi mencionado em novembro passado, e irá gerar um return on invested capital superior a 20% (e 25% em 2019). O grupo Santander, presidido por Ana Botín, também estima que no final de 2017 o core equity tier 1 de ambas as operação seja aproxidamente de onze pontos base.

O Allfunds tem 265.000 milhões de euros em ativos sob gestão e é a plataforma institucional de arquitectura aberta líder na Europa, com presença em 38 países. A operação está sujeita às autorizações de reguladores correspondentes.

Maior operação até à data

Como refere Rodolfo Crespo, analista senior na empresa de análise de plataformas Platforum, supõe-se que esta é a maior operação corporativa no sector das plataformas de fundos a nível global realizada até agora. "O impressionante crescimento do Allfunds ajudou ao crescimento da procura por soluções de arquitectura aberta na Europa, devido ao facto de grandes distribuidores de fundos, como a Banca Privada ou as Seguradores terem aberto totalmente as suas portas a fundos de terceiros nos últimos anos".

Para Juan Alcaraz, CEO do Allfunds Bank, "o grande historial da Hellman & Friedman a construir negócios globais de serviços financeiros, juntamente com a presença do GIC na Ásia, é a combinação perfeita para apoiar o nosso crescimento futuro. Juntamente com os novos acionistas, investiremos para fazer crescer o nosso negócio em todo o mundo, enquanto vamos apoiando os nossos clientes na distribuição da sua gama de produtos".

O Allfunds teve nos últimos anos um forte crescimento patrimonial, o que levou a superar os 265.000 milhões de euros em ativos intermediados. "O crescimento da plataforma é, também, resultado de uma estratégia agressiva de expansão internacional a partir de Espanha e Itália para a Europa Central, Reino Unido, Ásia, e mais recentemente a América Latina. Este último foi um passo natural da plataforma de origem espanhola. No nosso inquérito anual às gestoras a plataforma foi, constantemente, classificada como a melhor em termos de potencial de distribuição, relação qualidade-preço do serviço e informação para as gestora", explica Rodolfo Crespo.

Na sua opinião, será interessante ver como é que os novos proprietários vão planear a fase de crescimento seguinte do Allfunds, num ambiente de consolidação entre plataformas e uma regulação potencialmente disruptiva. No ano passado a plataforma indicou que queria crescer mais na Europa através de aquisições, o que poderia continuar com esta estratégia de ganhar maior tamanho e consolidar a sua expansão internacional.

Segundo Choo Yong Cheen, diretor de investimento do GIC Private Equity, "como investidores a longo prazo, o GIC confia no modelo de negócio do Allfunds, no que toca à sua posição líder no mercado europeu, para diversificar a sua base de clientes e contratos a longo prazo. Acredito que a empresa, com o apoio da Hellman & Friedman, irá crescer para ser líder global na indústria de gestão de fundos".

Na Platforum esperam ver uma consolidação entre empresas de consultoria em vários países europeus, especialmente Reino Unido, França e Alemanha, o que poderá ser uma oportunidade para que o Allfunds Bank ofereça serviços de plataforma a estas empresas que têm um tamanho considerável a um preço tipicamente institucional. Esperam, também, ver a plataforma a acelerar a sua intenção de acrescentar ETFs e outros ativos à plataforma. "São boas notícias para a plataforma o facto do Santander e da Intesa Sanpaolo terem resolvido vender em menos de quatro meses. Uma prolongada incerteza sobre o controlo da plataforma representou alguns desafios para a aquisição de novos clientes e poderia ter colocado em causa a sua expansão internacional", refere.