A estimativa do tamanho do mercado de fundos estrangeiros em Portugal em 2023
2023 não foi um ano de crescimento extraordinário, mas foi um de consolidação, onde fica claro que estes veículos e provedores agarraram as suas parcelas das carteiras institucionais nacionais e vieram para ficar.
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O mercado nacional de fundos mobiliários estrangeiros e ETF tem vindo progressivamente consolidar-se. Seja por via do investimento direto nestes instrumentos, seja pelo facto de que têm vindo a ser mais utilizados como ferramentas de alocação em fundos de fundos, fundos de pensões ou no balanço das seguradoras, a verdade é que o mercado cresceu e ultrapassou, em 2021, os 40 mil milhões de euros segundo a estimativa da FundsPeople da altura. Juntando aos 40,92 mil milhões de euros de 2021 os ativos do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) que não considerávamos então, falamos de 45,9 mil milhões de euros em fundos mobiliários e ETF estrangeiros nesse ano. Claro que, chegado 2022, esta estimativa, como todos os segmentos de gestão de ativos em Portugal, viu-se afetada pelas quedas correlacionadas das diferentes classes de ativos e reduziu-se para os 40,19 mil milhões de euros no final do ano, dos quais estimámos que 13,27 mil milhões de euros ou 33% estaria investido em Exchange-Traded Funds (ETF).
Agora, com base em informações dos supervisores e dos cinco grandes blocos de investimento institucional em Portugal - Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e pela Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) -, bem como da Associação Portuguesa de Fundos, Pensões e Patrimónios (APFIPP) e do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social (IGFCSS), repetimos o exercício e calculamos a nossa estimativa da dimensão da atividade das gestoras de fundos e ETF internacionais no nosso mercado ao fecho de 2023.
2023, um ano de recuperação
Depois de um ano tão vermelho para os mercados, 2023 foi um ano de recuperação, e isso refletiu-se no tamanho do mercado de fundos estrangeiros, como se pode observar no esquema. Aí detalhamos a desagregação do total pelos seus diferentes segmentos. O valor ajustado diz respeito ao valor bruto - a alocação a unidades de participação de fundos de investimento indicado nas respetivas rubricas -, corrigido pelos valores investidos em fundos domésticos e fundos imobiliários e totaliza 46,51 mil milhões de euros o que compara com o total de ativos em carteiras de investimento analisadas de 158,2 mil milhões de euros. O valor líquido, por seu lado, considera as duplicação nos ativos reportados em diferentes segmentos do mercado.
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Importante sempre realçar que não são considerados dados de mandatos de investimento, bem como os ativos das maiores fundações - que representam também alguns dos maiores asset owners nacionais, na ordem dos 4.000 milhões de euros em 2022 -, visto que uma parte muito significativa do seu património é gerido no exterior.
Segmento a segmento
Começando pelo setor segurador, o maior segmento institucional em Portugal, vemos que 10,73 mil milhões de euros se encontravam alocados a unidades de participação de fundos de investimento - cotados ou não - no fecho de 2023. Deste, estimamos que cerca de 859 milhões estavam alocados a fundos domésticos e imobiliários, pelo que apuramos um valor líquido de 9,87 mil milhões de euros em fundos estrangeiros. Isto representa perto de 20% dos 50,41 mil milhões de euros de ativos das seguradoras nacionais.
Os fundos de pensões, por seu lado, geriam 18,93 mil milhões de euros a fecho do ano, dos quais 6,86 mil milhões de euros estavam alocados a fundos de investimento. Ajustado para os 993 milhões em fundos domésticos e fundos imobiliários, falamos de um montante de 5,87 mil milhões de euros em fundos estrangeiros ou 31% dos ativos totais.
Gestão de patrimónios e a sua interligação com o mundo dos seguros e fundos de pensões
As gestoras de patrimónios acumulavam no fecho do ano 34,11 mil milhões de euros em ativos sob gestão, segundo dados da CMVM. Também com base em dados do regulador, 12,29 mil milhões de euros estão alocados a unidades de participação de fundos de investimento, dos quais estimamos que 843 milhões são fundos domésticos e imobiliários. Falamos então de 11,45 mil milhões de euros que estimamos estarem alocados a fundos de investimento e ETF estrangeiros.
Um ajustamento importante da nossa estimativa resulta da relação que as gestoras de patrimónios têm com os dois primeiros segmentos desta análise, as seguradoras e os fundos de pensões. Dados da APFIPP mostram-nos que 22,4% dos ativos das seguradoras e 19% dos ativos dos fundos de pensões são objeto de gestão por parte das gestoras de patrimónios, pelo que há que remover esta duplicação. Calculamos assim que 2,21 e 1,12 mil milhões de euros das seguradoras e fundos de pensões, respetivamente, sejam parte do bolo da gestão de patrimónios.
Fundos domésticos e distribuição e o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social
Para os restantes segmentos a informação recolhida não carece de qualquer ajustamento. Primeiramente, os fundos domésticos, que investem 6,1 mil milhões de euros em fundos estrangeiros (cerca de 33% dos ativos geridos) e, em segundo lugar, a distribuição direta de fundos estrangeiros, que ascende aos 6,42 mil milhões de euros.
Finalmente, a carteira Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social que geria, ao final de 2023, 29,8 mil milhões de euros dos quais 6,8 mil milhões de euros são fundos mobiliários estrangeiros ou ETF, segundo informações do próprio Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social. Os fundos e ETF estrangeiros representam, assim, 23% desta carteira.
Este último foi o bloco institucional de investimento em fundos estrangeiros que mais viu crescer o seu tamanho (+56,7%), enquanto no segmento das seguradoras o crescimento ficou pelos 5,7% e a distribuição de fundos nos 5,4%. Segundo a nossa estimativa, o investimento da gestão de patrimónios em fundos estrangeiros foi o único que viu o seu volume decrescer no ano.
Fechamos assim 2023 com um total de 43,18 mil milhões de euros em ativos em fundos e ETF estrangeiros e com um crescimento de 7,5%. Não é um ano de crescimento extraordinário, mas é um ano de consolidação, onde fica claro que estes veículos e provedores agarraram as suas parcelas das carteiras institucionais nacionais e vieram para ficar.
Os fundos individuais
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