Num mercado como o português, em que o peso dos ETF no total de fundos de terceiros é bastante superior à média europeia, divulgamos a nossa estimativa de quanto vale este mercado de fundos cotados e em que segmentos este é mais forte.
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Num primeiro passo de análise da dimensão do universo português de fundos estrangeiros, a FundsPeople chegou a uma estimativa de 43,18 mil milhões de ativos alocados a fundos estrangeiros nos diferentes segmentos de mercado em Portugal, com referência ao final de 2023. No entanto, sabemos bem que o Exchange Traded Fund (ETF) é um veículo de investimento que ocupa uma parte relevante das carteiras. Diferenciamos agora quanto desses mais de 40 mil milhões de euros a estes dizem respeito. São seis os segmentos analisados, que detalhamos de seguida.
Seguradoras
Com os dados de balanço e produtos de seguradoras a que a FundsPeople tem acesso, compilámos a informação relativa a fundos de terceiros e estimamos que cerca de 17,8% do total alocado a fundos de investimento estrangeiros - cotados e não cotados - poderá estar em ETF. Considerando o total de ativos alocados a veículos de investimento internacionais neste segmento, que estimamos estar pelos 9,87 mil milhões de euros no final de 2023, falamos então de 1,76 mil milhões de euros em ETF nos balanços das seguradoras.
Gestoras de patrimónios
Para este segmento, cujo detalhe não temos acesso, recorremos aos dados de carteiras dos fundos perfilados portugueses na ferramenta FundsPeople LAB, para estimar o valor alocado a ETF. Assumimos que a gestão individual de carteiras - excluindo os grandes segmentos institucionais dos fundos de pensões e seguradoras, analisados nos seus respetivos segmentos - se regerá por uma filosofia similar. Extrapolamos, assim, os resultados das carteiras perfiladas a este universo, pelo que falamos de 48,6% dos ativos em investimento indireto alocados a ETF.
Esta percentagem, aplicada aos 8,12 mil milhões de euros em fundos tradicionais e ETF estrangeiros estimados neste segmento no final de 2023 - líquido dos ativos de seguradoras e fundos de pensões - representa 3,95 mil milhões de euros em ETF neste segmento.
Fundos de Pensões
No que diz respeito aos fundos de pensões, sejam eles abertos ou fechados, falamos de um montante de 6,86 mil milhões de euros que são alocados a fundos de investimento tradicionais e ETF estrangeiros, com base na nossa estimativa. Informações compiladas pela FundsPeople na ferramenta FundsPeople LAB, mostram que - numa amostra maioritariamente composta por fundos de pensões abertos - os ETF pesam 46,5% do total alocado a investimento indireto, com referência ao final do ano de 2023. É um peso praticamente em linha com a estimativa de 2022 e que extrapolado a todo o universo de fundos de pensões nacionais nos leva a estimar 3,19 mil milhões de euros em ETF neste universo.
Distribuição de fundos estrangeiros
De igual forma que no ano passado, nas estatísticas de distribuição de fundos estrangeiros divulgadas pela CMVM e que a FundsPeople utiliza para estimar o volume distribuído nas diferentes plataformas nacionais, não são incluídos ETF.
Fundos Mobiliários de Gestão Nacional
Com 6,1 mil milhões de euros em ativos em fundos tradicionais e ETF estrangeiros, os fundos mobiliários nacionais usufruem significativamente das competências de gestão de provedores de gestão de ativos estrangeiros para construir as suas carteiras. Informações compiladas pela FundsPeople na ferramenta FundsPeople LAB, mostram que 42,8% desse total deverá ser relativo a ETF, uma subida face aos 38,4% do ano passado. Em termos absolutos falamos de 2,61 milhões de euros.
Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social
Aquela que constitui a principal reserva financeira do Estado português, com um propósito de contribuir para a sustentabilidade do sistema de Segurança Social, acumulava, no final de 2023, 29,8 mil milhões de euros em ativos. Deste total, que reflete um crescimento de quase 30% face aos 23 mil milhões de euros de 2022, 6,8 mil milhões de euros estão alocados a fundos de investimento tradicionais e ETF.
Segundo os dados divulgados à FundsPeople pelo Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social (IGFCSS), o total investido em ETF era de 5,5 mil milhões de euros, ou seja, 80,9% do total em investimento indireto. Esta percentagem representa uma subida de 14,8 pontos percentuais face a 2022 e um crescimento em termos de valor absoluto na ordem dos 91,6%. Importante realçar, no entanto, que mesmo os fundos de investimento tradicionais na carteira têm sido, historicamente, instrumentos de gestão passiva.
Numa entrevista a Travis Spence, responsável de Distribuição de ETF para a região EMEA na J.P. Morgan AM publicada em março, falava-se da evolução do mercado de ETF UCITS na Europa que cresceu de um peso de 8% para os 15%, entre 2017 e 2023. Em Portugal, com um total estimado de 17,01 mil milhões de euros, o volume destes veículos no total de fundos estrangeiros em Portugal ao fecho do ano passado representa, aproximadamente, 39,4% do total. Fica assim reforçada a conclusão de que o peso dos ETF em Portugal será bastante mais elevado do que a média europeia.