Em breve a LONVIA Capital estará em Portugal para um roadshow com investidores. Na antevisão dessa incursão pelo nosso país, a entidade que recentemente comemorou um ano de existência, esteve à conversa com a FundsPeople. Passados os 200 milhões de euros de ativos sob gestão, Iván Díez, sócio-diretor da entidade gestora, apresentou-nos as linhas orientadoras que têm guiado o negócio no último ano.
“Temos uma presença ativa em Espanha e Portugal, com o meu trabalho e o do Francisco Rodríguez d’Achille, e na América Latina recorremos a um provedor de soluções de terceiros de forma a conseguirmos ter presença local. Em Itália, por sua vez, estamos a tentar perceber se cobriremos o mercado a partir de Espanha, ou se optaremos pela representação de um agente local”, introduziu Iván Díez.
Embora o calendário marque de facto um ano de lançamento da LONVIA Capital, o expertise da equipa de investimentos já era mais do que provado na Groupama AM. O sócio-diretor prefere falar de uma continuidade de estratégia, mas com mudanças. “A LONVIA Capital tem uma proposta de valor diferenciada face ao que a equipa fazia antes, embora iremos dar continuidade a um processo e estilo de investimento únicos, que privilegiam a qualidade e o crescimento das empresas a longo prazo”, começou por vincar. Contudo, essa continuidade de estratégia assentará no que apelida de “maiores ambições de crescimento e com maiores recursos”.
Isso materializa-se numa expansão. Francisco Rodríguez, por sua vez, explica que a Cyrelle Carriére e Cyril de Vanssay - fundadores da entidade e responsáveis pelas estratégias da casa - juntaram-se recentemente mais dois analistas. “Temos uma equipa de investimentos de quatro pessoas, o que nos permite fazer muitas coisas dentro da nossa proposta de valor, ampliando o nosso universo de investimento. Permite-nos, acima de tudo, passar mais tempo com as equipas diretivas das empresas nas quais investimos ou vamos investir no futuro”, clarifica o responsável.
Rejuvenescimento das carteiras
A independência é outra das bandeiras da casa. “Somos independentes. Isso é algo que nos permite ter muita flexibilidade, e um alinhamento de interesses entre os sócios e os investidores, o que é algo fundamental”, adianta, falando de outras vantagens. Também o facto de atualmente gerirem montantes mais reduzidos acaba por ser vantajoso. “Gerir 215 milhões face aos 4.000 milhões que a equipa geria anteriormente permitiu-nos rejuvenescer as carteiras, incluindo 12/15 empresas de pequena capitalização, o que antes não era possível por causa do montante elevado que era gerido”, apresenta Francisco Rodríguez.
A entidade tem a seu cargo três estratégias de investimento: duas delas mais dedicadas a small e mid caps europeias, e outra exclusivamente dedicada a small caps europeias. Precisamente o facto de agora terem capacidade de investir em empresas de menor capitalização, permite-lhes maior margem de manobra. “Estas empresas executam bem a sua estratégia e têm o potencial de crescimento que identificámos nelas”, reitera Iván.
O cliente, por seu lado, tem recebido bem as estratégias da casa, ainda para mais num contexto de taxas baixas. “Temos notado, principalmente este ano, que o investidor olha para empresas de pequena e média dimensão como estruturais da carteira. Era algo que antes não acontecia em Espanha, e estou convicto de que em Portugal também não”, nota o mesmo responsável.
Francisco Rodríguez observa então que o yield hunting levado a cabo pelos investidores acabou por gerar interesse nas ações, e concretamente nas que se dedicam ao universo em que investem. “Investimos em empresas de qualidade e crescimento a longo prazo, e líderes em setores nicho; como sabemos estas foram as empresas que nos últimos tempos têm recebido maior interesse por parte dos investidores, por causa da sua atratividade em termos de retorno ajustado ao risco”, salientou.
Cliente Tier 2 e Tier 3
A base de clientes da entidade é atualmente muito diversificada. “Temos clientes de Tier 2/ Tier 3, ou seja, bancas privadas, assessores financeiros, gestores de carteiras, fundos de fundos mais pequenos, etc.”, aponta Iván Díez. Essa diversificação acaba por advir, na opinião do responsável, do próprio posicionamento que têm. “Os nossos 215 milhões de euros sob gestão estão alocados em vários clientes de diferentes tipos. À medida que formos crescendo, isso permitir-nos-á abrir portas para os Tier 1. Atualmente, cada euro que entra abre-nos uma nova porta”, prevê.
A preocupação com a sustentabilidade já vinha da experiência anterior, mas foi consolidada com vários movimentos. “A primeira coisa que fizemos foi assinar os PRI das Nações Unidas, e quando entrou este ano em vigor a SFDR adaptámo-nos, e os nossos fundos passaram a ser artigo 8”, diz Francisco Rodríguez. Mas o caminho não se fica por aqui. Explica que estão agora a migrar os fundos de artigo 8 para o 9 e, em breve, passarão a ter o selo ISR atribuído pelo Estado francês. Paralelamente, estão a lançar a própria fundação LONVIA. “Destinaremos todos os anos 10% do nosso lucro líquido para apoiar a investigação médica, a educação, preservação do meio ambiente, etc.”, declara.
Nas carteiras que gerem, explica que irão “selecionar empresas que sejam estratégias de investimento duradouras e sustentáveis”, pois é algo inerente ao tipo de empresas que já procuram atualmente.