J.P. Morgan AM: reflexões sobre a deflação e o QE na Europa, e perspetivas sobre ações e obrigações

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Vitor Duarte

Na sua mais recente passagem por Lisboa, a J.P. Morgan AM revelou o seu outlook de mercado para 2015, numa apresentação que contou com três especialistas da entidade, que falaram para dezenas de profissionais portugueses não só de temas macro económicos que se impõem por esta altura, como também de ideias subjacentes às estratégias da casa.

O crescimento económico foi o primeiro tema a abordar.  Vincent Juvyns, Global Market Strategist da gestora, tal como outros especialistas da indústria têm feito, abordou o inevitável tema da “divergência” entre regiões no ano de 2015. Considera que apesar das previsões de crescimento económico terem sido revistas em baixa, o ano que vivemos, ainda assim, e apesar das referidas divergências, deverá trazer “um crescimento relativamente forte”.

Deflação: problema social

Numa breve abordagem à situação europeia, Vincent Juvyns não deixou passar em branco o tema deflação, que para muitos continua sem desfecho aparente. “Não acredito que exista uma solução para a deflação na Europa. Acredito sim que essa deflação está muito relacionada com a falta de confiança que, por sua vez, tem a ver com o elevado nível de desemprego na região”, refere. Considera, por isso, que cada país deve fazer um esforço para solucionar o problema de confiança dos consumidores. Quanto ao impacto do QE anunciado pelo BCE, a comparação foi feita com os EUA e o Reino Unido. “Durante este processo na América do Norte, as pessoas continuaram a gastar, e no Reino Unido continuaram a fazer poupanças. Na Europa as pessoas não têm trabalho”, referiu, dizendo que no final de contas o problema é social, e está relacionado com o nível de proteção social.  A intervenção do profissional terminou com alguns temas de investimento a considerar em 2015: o ‘global economic momentum’ deverá ser tido em conta, a componente risco é um tema a sobreponderar, enquanto que os ativos mais sensíveis a um dólar forte e ao crescimento das taxas de juro são de “evitar”.

Ações europeias: a beneficiar

“Estamos positivos na Europa, e a indústria tem vindo a suportar essa ideia já que os fluxos em ações europeias têm sido muito positivos”, começou por dizer Paul Shutes, client portfolio manager dos fundos Europe Equity Fund e JPMorgan Funds – Europe Equity Absolute Alpha Fund. Frisando que um investidor em ações  tem de estar essencialmente atento a se os dados económicos estão ou não acima das expectativas, foi peremptório: “Podemos falar de temas como o Quantitative Easing, a descida dos preços do petróleo, a depreciação do Euro, etc. Mas no final de contas as grandes beneficiárias, por esta altura, são as ações europeias”, indica. Sobre o Europe Equity Absolute Alpha Fund, com uma carteira que apelidou de concentrada, fez questão de sublinhar o nível de volatilidade que se situa entre os 5% e os 8%, mas também o facto da grande fonte de retorno deste fundo residir na geração alpha.

A vertente das obrigações ficou a cargo de Brigid Jackson, client portfolio manager da equipa de fixed income da gestora, e especialista da gama de obrigações da entidade. Numa abordagem sobre as obrigações flexíveis, reiterou a diversidade que existe precisamente neste universo e a importância que ganham perante um contexto de taxas de juro baixas, onde encontrar uma yield sustentável é cada vez mais difícil. Especificamente sobre o Global Bond Opportunities Fund destacou a alocação “flexível e dinâmica” que usam, num fundo que não segue o benchmark e que adopta uma abordagem agnóstica.  Das maiores oportunidades que encontra para o produto neste momento destacou o investimento em high yield europeu, a par do norte-americano. “Estes investimentos apresentam um rendimento (yield) interessante, os balanços destas empresas são saudáveis e as taxas de incumprimento são baixas”.

Para ler a entrevista a entrevista a Brigid Jackson, carregue aqui