John Taylor (AllianceBernstein): “Estamos cautelosamente otimistas em relação ao mercado de crédito”

John Taylor. AllianceBernstein
John Taylor. Créditos: cedida (AllianceBernstein)

Numa entrevista recente com a FundsPeople, John Taylor, responsável de Obrigações Europeias e diretor global de Multisector na AllianceBernstein, comentou que ainda não é o momento certo para aumentar a duração das carteiras. Prefere durações curtas e obrigações BB, que, historicamente, geram retornos adicionais.

Mostrou-se otimista em relação à dívida pública britânica e europeia, considerando-as mais sensíveis a cortes de taxas de juro e menos afetadas do que outros países devido aos elevados défices fiscais. No entanto, expressa alguma cautela perante alguns desafios que a dívida pública enfrenta, como o elevado endividamento.

Fatores-chave a monitorizar

John Taylor assinalou vários fatores críticos a vigiar:

  1. Aumento de défices fiscais: tanto na Europa como nos EUA, os elevados níveis de endividamento governamental estão a afetar as divisas e a aumentar os prémios de risco. A França, por exemplo, registou um aumento significativo no seu prémio de risco, embora ainda se encontre abaixo dos níveis da crise da dívida na zona euro de 2012. Itália também merece atenção, embora em menor medida.
  2. Risco do emitente: Taylor enfatizou a importância de uma equipa experiente, como a da AllianceBernstein, para navegar pelos riscos específicos do mercado. A sua análise centra-se na qualidade creditícia dos emitentes e na monitorização contínua devido à natureza variável dos riscos idiossincráticos.
  3. Revisões de classificação: embora a dívida de alguns países possa ser revista em baixa, John destacou que o mercado prestou pouca atenção às revisões recentes da dívida soberana francesa e americana por parte da Fitch. Uma descida para classificações A por si só já teria um impacto significativo.

Procura por crédito

John Taylor antecipa uma robusta procura por crédito devido à perspetiva de uma aterragem suave na Europa, especialmente na dívida investment grade. Prognostica um movimento de capital da liquidez para o crédito, o que favorece esta perspetiva.

Apesar das expetativas gerais de um aumento das taxas de incumprimento, tal não aconteceu. As empresas geriram a sua dívida de forma eficaz em anos anteriores, reduzindo o mercado em quase 15% desde 2021. O gestor vê oportunidades na valorização de obrigações BB.

Setores favoráveis

O especialista mostrou-se positivo em relação ao setor financeiro, especialmente com os bancos com uma sólida capitalização e uma forte geração de lucros impulsionada pelo consumo privado. Também destacou os setores de consumo cíclico, como o de lazer e o de transportes, e alguns setores defensivos, como o de telecomunicações.

John Taylor recomenda estratégias que combinem dívida pública e outros ativos sensíveis às taxas de juro com dívida corporativa orientada para o crescimento. Estas estratégias geridas de forma dinâmica podem ser eficazes no contexto atual.