Lançamentos, fusões e liquidações de fundos: que sinais dão?

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kugel, Flickr, Creative Commons

Os dados mais recentes da Lipper Thompson Reuters, correspondentes ao exercício de 2015, permitem chegar  a diversas conclusões interessantes sobre o presente e o futuro do mercado europeu de fundos. Por um lado, a firma destaca que no ano passado, o número de novos lançamentos (2162) foi o mais baixo dos últimos cinco anos, ainda que praticamente tenha igualado o de 2014 (2218). Este dado, combinado com um número de fusões inalterado e uma descida das liquidações, poderá indicar que se completou com êxito o processo de revisão das gamas de produtos, resultado dos esforços de consolidação levados a cabo pelas gestoras nos últimos anos.

No entanto, os especialistas da Lipper salientam outra explicação possível, “as captações recorde registadas em 2015, que levaram o património gerido pelos fundos europeus a novos máximos históricos, poderiam ter aliviado as pressões relativas à rentabilidade para muitas gestoras, provocando uma desaceleração do necessário processo de consolidação”.

Não obstante, da empresa advertem que esta pressão pode ver um incremento com a entrada em vigor da MiFID II, já que “nem todos os custos associados à nova regulação poderão ser repercutidos nos investidores, o que representará um custo para a indústria de gestão de fundos”. Assim, é possível que a consolidação continue a médio prazo, mais ainda se a volatilidade nos últimos meses persistir durante 2016.

“Se compararmos o número de fundos disponíveis nos Estados Unidos e na Europa com o património médio gerido por fundo, observa-se que ainda existe um enorme potencial de consolidação entre as gamas de produtos europeus”, sobretudo tendo em conta o grande número de requisitos que impõem os distintos reguladores nacionais para a comercialização de um fundo no seu território, diz o relatório.

2015, o ano dos multi-ativos

Como já avançava um recente relatório da Morningstar, os fundos multi-ativos destacaram-se como o produto preferido dos investidores em 2015 (e o segundo mais vendido em 2014, acrescenta a Lipper), o que os situa na segunda posição por quota de mercado na Europa, com 27% (em comparação com os 21% dos fundos de obrigações), somente superados pelos fundos de ações (37%), no fecho do ano.

Esta popularidade dos multi-ativos explicaria o elevado número de lançamentos (701) registados no ano passado, considerando que “parece que as gestoras tentaram aproveitar esta tendência com o lançamento de novos produtos”, ainda que da empresa de análise recordem que poderá ser mais fácil comercializar um produto existente com um track record estabelecido, se os resultados forem bons.

Por outro lado, os fundos do mercado monetária viram reduzido o seu número em 149 produtos em 2015, o que representa um quebra de mais de 12% e deixa a quota de mercado destes fundos em 4%.