Mais de um ano de Modi à frente da Índia: o que correu bem... e não assim tão bem

presidente_india
PR Consultancy, Flickr, Creative Commons

A 16 de maio do ano passado Narendra Modi chegou ao governo da Índia. Apesar da euforia inicial dos mercados, as reações parecem estar a arrefecer. Segundo o que relata a J.P. Morgan Asset Management, “depois de um forte 2014, o mercado de ações indiano cresceu apenas de forma moderada este ano, com o MSCI India a ganhar 4,5% em dólares (USD) e 5,6% em moeda local”.

Num balanço recente feito por algumas gestoras internacionais sobre a passagem de um ano sobre a eleição de Narendra Modi, as entidades mostravam-se na altura otimistas acerca do progresso da economia indiana. “Para os investidores de ações o assunto chave para o curto prazo continuará a ser quanto tempo demorará a que os lucros das empresas e as margens comecem a responder às melhorias da economia”, assinala agora a J.P. Morgan AM no seu Market Bulletin, onde escrevem que “os lucros desapontaram e a economia ainda tem que decolar”. De um ponto de vista resumido, a entidade acredita que “Modi está a ter uma abordagem de longo prazo para lidar com os problemas estruturais da Índia”.

Sistematizando, a gestora elege alguns dos tópicos que funcionaram desde que Modi entrou em funções e, por outro lado, outras questões que podem ser melhoradas.

O que funcionou?

-       Reforma relativa ao investimento estrangeiro direto

Uma das medida assinaladas pela entidade prende-se com as medidas regulatórias mais flexíveis que permitiram que “mais capital estrangeiro entrasse nas áreas de seguros, ferrovias e sectores defensivos”. Segundo a entidade as medidas criaram oportunidades de melhoria das estruturas do país, “e a rotação nos fluxos cresceu 48,3% em maio, comparativamente com há um ano atrás”.

-       Reforma do sector energético

O sector conseguiu desenvolver-se como resultado da maior eficiência energética e dos mecanismos de preços criados, dizem da J.P. Morgan AM. “O colapso nos preços do petróleo deram ao governo a oportunidade de desregular os preços do combustível, o que os tem libertado dos subsídios caros”, indicam.

-       Reformas mineiras

Depois dos escândalos que afetaram o anterior governo, em que se revelou que determinadas entidades beneficiavam de um sistema de alocação do Executivo, “não existiram mais companhias do sector público a ter o direito exclusivo de exploração de minas de carvão para venda”, recordam.

-       Reformas de gestão de projetos

Com o intuito de evitar a reputação de que a Índia é um local difícil para se realizar negócio, o “governo desenvolveu um portal online de negócios que consolida vários serviços governamentais e reduz o tempo necessário de legalização de um novo negócio”.

-       Renovação dos programas de estado social e bem estar

Por último, da gestora salientam que “o governo tem racionalizado os subsídios e adoptado medidas de estabilização de preços para ajudar a controlar a inflação dos preços dos alimentos no caso de monções”.

O que pode melhorar?

Um dos aspectos em que a J.P Morgan AM entende que a Índia ainda está numa fase muito incipiente, tem a ver com a campanha “Make in India”, ou seja, com o incremento de manufactura dentro de portas. “Até agora assistimos apenas a mudanças marginais na atividade de manufactura”, dizem, acrescentando que “o crescimento desta atividade ficou preso a níveis de um dígito”.

Em termos de regulação a gestora internacional aponta outro dos pontos que acabou por desiludir durante o ano decorrido, e que demonstra as “dificuldades legislativas que o governo ainda enfrenta”. A GTS (goods and services tax, nas siglas em inglês) que facilitaria a simplificação de códigos fiscais entre os vários estados do país, e a “Land acquisition bills”, que tornaria mais fácil o uso de determinados terrenos para projetos, acabaram por não ser aprovadas.

Outro dos assuntos que melindra a “reputação” do país relaciona-se com os números do PIB, apelidados de “confusos”. “Os novos dados mostram um crescimento superior ao da China, embora outras métricas indiquem um abrandamento da economia”, escrevem da entidade.