Historicamente, os mercados de ações atingem mínimos enquanto a macroeconomia continua a deteriorar-se

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Créditos: Robert Richarz (Unsplash)

Historicamente, os mercados de ações atingem o mínimo enquanto a macroeconomia continua a deteriorar-se. É importante recordá-lo, agora que o mercado de ações está a recuperar e muitos investidores que reduziram notavelmente a sua exposição a ativos de risco debatem se devem entrar ou não. Tal como revelava Lucía Gutiérrez-Mellado, diretora de Estratégias da J.P. Morgan AM para Espanha e Portugal, historicamente tem sido quase sempre assim. 

Os mercados de ações sempre atingiram o fundo muito antes do PIB. Ou seja: anteciparam a queda da atividade e também a sua recuperação. Em média, a diferença entre o nível mínimo do mercado e o nível mínimo do PIB é de 138 dias. E, também em média, se excluirmos o que aconteceu na crise da bolha tecnológica entre 2001 e 2002, onde o retorno foi negativo, o retorno gerado pelas ações desde o momento em que os mercados de ações atingiram o mínimo até ao momento em que o PIB atingiu o mínimo foi de 18,2%.

Esperar que passe pode sair caro

Além disso, segundo o estudo elaborado pela J.P. Morgan AM, que a empresa realizou tomando como referência o S&P 500 e o PIB americano, o retorno gerado pelo mercado de ações desde a sua queda até à publicação do primeiro aumento do PIB foi, em média, de 27%. “É algo que demonstra que o custo de oportunidade de esperar por uma recessão económica para investir pode ser elevado. Se esperarmos que todos os problemas macroeconómicos sejam resolvidos, pode já ser demasiado tarde. Existe um claro risco de se perder parte da recuperação do mercado”, avisa a especialista. 

Isto aplica-se não só às ações de mercados desenvolvidos, mas também às do mundo emergente. Tal como a Goldman Sachs AM salienta, se analisarmos as séries históricas, os melhores retornos para as ações emergentes concentraram-se num período muito curto. “Usando como referência o índice MSCI Emerging Market dos últimos 20 anos, no rally dos emergentes o custo de oportunidade de não ter investido nos cinco melhores dias foi equivalente a perder 18% dos retornos”, afirma a entidade americana.

Os bear markets apresentam historicamente uma duração reduzida. Os dados apresentados pela MFS IM mostram que, desde 1929, estes têm tido uma duração média de cerca de 200 dias de negociação. “Determinar quando um bear market irá atingir o seu ponto mínimo é difícil, por isso é melhor não tentar. Alguns dos retornos de mercado mais significativos ocorreram quando o mercado se encontrava na fase de recuperação e perder esses dias pode traduzir-se num valor de carteira muito mais baixo a longo prazo”, avisam.

As expetativas de retorno a longo prazo aumentaram

Por outro lado, estão as expetativas de rentabilidade a longo prazo das diferentes classes de ativos. A correção sofrida tanto pelas ações como pelas obrigações fez com que, para o futuro, as expetativas de retornos a 10-15 anos, tanto das ações como das obrigações, aumentassem significativamente. É algo que a J.P. Morgan apresenta na sua publicação Long-Term Capital Market Assumptions onde situam essas expetativas de rentabilidade anualizada a 10-15 anos em 8% ou mesmo superior no caso dos principais índices de ações da Europa, China, Japão ou dos mercados emergentes. 

Fonte: : 2023 Long-Term Capital Market Assumptions J.P. Morgan Asset Management. Guide to the Markets - Europe, a 31 de dezembro 2022.