Mercados emergentes estão diferentes dos anos 90: menos dívida e uma política fiscal saudável

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Nuno Coimbra

Depois da passagem por Madrid, no passado dia 3 de outubro foi a vez de Lisboa receber o Investment Day da Franklin Templeton que trouxe à capital portuguesa alguns dos mais importantes gestores da entidade, entre os quais Mark Mobius, o Guru dos Mercados Emergentes.  O Investment Day abriu com a apresentação de Elsa Goldberg, vice-president e senior product manager de obrigações globais que trouxe à plateia, bem composta, o tema de “Global Opportunities in a Rising Rate Environment”.

Retrospetiva global

Elsa Goldberg  analisou todas as partes do globo e todos os mercados. Sobre o mercado norte-americano, a vice-presidente afirma que o “tapering vai existir enquanto os mercados o reconheçam, o que poderá trazer implicações ao nível da liquidez nos mercados globais”.

Não se deve olhar para os EUA isoladamente. O Banco do Japão já começou a “enviar” dinheiro”, disse Elsa Goldberg, que explicou durante apresentação que os EUA vão continuar a utilizar o programa Quantative easing, isto é a compra de obrigações de dívida pública por parte da autoridade monetária, de forma a aumentar a liquidez do sistema financeiro.

 O Japão, avisa a especialista, está a ir num caminho semelhante ao dos Estados Unidos, com a “dívida pública a não seguir a direção certa, e a única solução será confiar no Banco Central do país, acreditando que irá injetar mais dinheiro na economia”. Já em relação ao Euro, Elsa Goldberg afirma que a boa situação na Europa terá de ser suportada pelo BCE através do programa LTRO, que no dia 4 de Outubro foi confirmado por Mario Draghi, presidente da instituição.

 Mercados emergentes atrativos

A especialista da área de obrigações da Franklin Templeton foi otimista em relação aos mercados emergentes e referiu mesmo que estes “estão diferentes dos anos 90: reduziram a sua dívida e têm uma política fiscal saudável”.

Um dos países em destaque no discurso da vice-presidente da Franklin Templeton é o México, que “apresenta net portfolio inflows de mais de 5% do PIB do país”. A liquidez disponível representa mais de 20% do PIB, com as reservas internacionais a representarem a maior fatia deste valor, em detrimento das linhas de crédito flexíveis. Outros países com uma grande percentagem de reservas internacionais em relação ao PIB são Singapura (90%) e Malásia (acima de 40%).

China – no hard landing

Contrariando algumas das teorias de que a China depois de uma rápida ascensão económica poderia abrandar de forma drástica, Elsa Goldberg foi perentória: não existirá hard landing no país, porque “a China quer relançar a economia, com bons níveis de investimento o que vai permitar que o país cresça”. “Não consideramos que a procura pelas commodities vá abrandar”, refere a especialista.

No que diz respeito à pressão salarial na China, sobretudo ao aumento dos salários na última década, Elsa Goldberg considera também que poderá ser benéfica para outros países, como por exemplo o México e o Japão.

Em relação às obrigações nos países emergentes a gestora acredita que não há diferenças entre investir em obrigações soberanas ou de empresas, já que o spread entre os dois tipos é residual. Esta convergência, segundo Elsa Goldberg, mostra que nos mercados emergentes houve uma recuperação pré-crise financeira.

Fundos de obrigações à la carte

Global Bond, Global Total Return e Emerging Markets Bond foram os três produtos apresentados por Elsa Goldberg. Com caraterísticas distintas o primeiro apresenta-se como uma alternativa que se foca essencialmente na dívida soberana dos países de mercados emergentes, com a destaque para a República da Coreia, Polónia e Irlanda.

Já o Templeton Global Total Return investe principalmente em dívida soberana, podendo também investir em empresas de pequena e média capitalização. Atualmente nas maiores posições aparece também a República da Coreia, Uruguai e ainda obrigações de estabilização monetária na Coreia do Sul .

Por fim, o último produto apresentado – Templeton Emerging Markets Bond – investe apenas em países emergentes, tendo como maiores posições as obrigações estatais da Nigéria, do Uruguai, e do México.