Metade do investimento feito por Unit-linked é em fundos de investimento

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Créditos: Eaters Collective (Unsplash)

A carteira de investimentos das entidades seguradoras também mereceu destaque no último Relatório de Estabilidade Financeira lançado pela ASF. Depois de algumas conclusões sobre os riscos que o regulador do setor segurador e dos fundos de pensões deteta, hoje é a vez de nos centrarmos nas carteiras de investimento.

51 mil milhões de euros. É este o valor em que fechou a atividade seguradora nos primeiros seis meses de 2021. Um valor que não variou muito face ao termino de 2020, começa por observar a ASF. No entanto, o detalhe permite chegar a conclusões mais diversas.

Aposta nos Unit-linked

No documento, a entidade indica que do montante referido atrás, 27,7% correspondem a ativos afetos a seguradoras, refletindo um aumento de 2,1 pontos percentuais face ao final de 2020. Como já fez noutras ocasiões, a entidade volta a dar destaque ao dinamismo dos unit-linked. "O aumento da representatividade dos ativos afetos a seguros unit-linked é uma tendência que se vem a observar desde o final de 2019, refletindo a aposta de um conjunto de operadores na comercialização destes produtos, a que não são alheios os desafios decorrentes do ambiente de taxas de juro muito baixas". Em junho de 2021, existiam 14,2 mil milhões de euros alocados a estes produtos.

Num mercado como o português, conservador por natureza em termos de risco, o regulador faz um alerta sobre esta tendência de investimento: "Exige um novo enfoque em matérias de gestão de riscos, de forma a alinhar as expetativas dos consumidores com os riscos por si percecionados e assumidos".

Os fundos de pensões, por outro lado, aumentaram 8,6% face ao final de 2020, para os 23,6 mil milhões de euros. A ASF assinala que se deu "continuidade à tendência ascendente que se vem a observar nos últimos anos".

Nos investimentos do mercado segurador (exceto unit-linked) são as obrigações que continuam a reinar. Arrecadam 75,5% do total de exposição da carteira. Nas informações destacam também "o investimento em imobiliário (8,9% do total da carteira), correspondendo mais de metade deste valor a participações em empresas de investimento imobiliário, exposições que estão concentradas num conjunto restrito de operadores".

Fundos: metade do investimento feito por UL

Nos unit-linked, a história é outra. "Constata-se uma política de investimentos bastante diferenciada, com destaque para os fundos de investimento mobiliário que, no final do primeiro semestre de 2021, incrementaram 9,2 pontos percentuais face ao final de 2020, em detrimento dos títulos obrigacionistas, passando a representar metade do valor total de ativos em carteira".

Deste modo, a ASF regista que o investimento feito por estes produtos "em categorias tendencialmente menos conservadoras", poderá refletir "o menor esforço em termos de requisitos de capital implícito nesta carteira de ativos".

Nos fundos de pensões, a dívida continua a dominar. Contudo, a sua expressão tem vindo a diminuir no período mais recente, "por via da redução do peso dos soberanos".

29A categoria “Imóveis e FII” inclui participações em empresas de investimento imobiliário. A categoria “Outros” inclui derivados,
hipotecas, empréstimos e outros ativos.

Ao nível da qualidade credítica das carteiras excluindo unit-linked, em termos médios, "manteve-se em BBB+". Na carteira unit-linked permaneceu em BBB. "A totalidade das empresas de seguros revelou uma qualidade creditícia média da sua carteira individual em nível conotado como de investment grade", diz a ASF.

No caso dos fundos de pensões, "a proporção total de títulos em território de investimento é mais elevada do que no setor segurador (96%, a junho de 2021), notando-se, neste caso, uma menor concentração na categoria mais próxima do limiar, isto é, CQS 3".