Não existem remédios santos, mas...

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Cedida

O mês de maio deu protagonismo à volatilidade que parecia estar apagada nos últimos tempos. Giordano Lombardo, CIO da Pioneer Investments, na sua última carta, indica precisamente que “as últimas semanas lembraram os investidores de que a volatilidade não está morta”. O responsável da gestora internacional vai mais longe e acredita que “o que aconteceu em maio foi apenas o princípio de um novo regime de volatilidade”. E que cuidados devem os investidores ter? “Devem estar atentos aos múltiplos fertilizantes de volatilidade que possam impactar a economia durante os próximos anos”. Salienta mais especificamente que a desalavancagem ainda está em níveis muito primordiais, e que o crescimento da desigualdade e o fosso cada vez maior  entre produtividade e salários estão a manter a procura global subjugada.

Tal como em outras ocasiões Giordano Lombardo volta a frisar que uma das consequências mais prováveis deste tipo de crescimento desequilibrado é que os retornos esperados para determinadas classes de investimento estarão projetados para ser  mais baixos do que no passado. Numa análise das implicações mais alargadas deste contexto, e olhando para o sector financeiro, explica que “o tamanho das instituições financeiras continua a crescer, e tem vindo progressivamente a estar a sob escrutínio”.

Lidar com os fossos criados pela crise

Grande parte da intervenção no sistema financeiro nos últimos tempos tem-se centrado no fortalecimento da estabilidade financeira.  “Isto fez com que as exigências de capital crescessem para os bancos e obrigou a uma revisão contabilística por parte das seguradoras e dos fundos de pensões”. Tornaram-se chave neste panorama de inundação regulatória palavras como “desalavancagem”  e “de-risking” e, por isso, para Giordano Lombardo é chave “saber como lidar com os fossos criados pela crise no sector financeiro”.

Gestores de ativos: papel chave

Recorda que um período tão prolongado de taxas de juro zero colocou o sector financeiro – especialmente as seguradoras e os fundos de pensões – sob alguma pressão.  A solução resume-se a “encontrar novas fontes de retorno”, e é neste sentido que o profissional indica algumas ideias. Ao nível do sector financeiro acredita que os gestores de ativos podem ter um papel de pivots, ao “alargarem a sua oferta até às classes de ativos não tradicionais, tais como as infraestruturas, empréstimos a pequenas e médias empresas ou as operações de financiamento de projetos”. Em segundo lugar faz referência à própria postura dos investidores. “Terão de assumir um papel mais ativo de modo a satisfazerem os requisitos futuros em termos de retorno”. Assume que de modo a satisfazerem as suas necessidades, “os investidores terão de alocar mais poupanças de forma a obterem os retornos desejados”.

Alpha passar a ser componente chave

Para Giordano Lombardo este é um cenário em que os retornos serão obtidos essencialmente a partir da componente de alpha, em vez do beta. De forma enfrentarem os desafios atuais os investidores devem fundamentalmente “procurar rendimentos em todo o espectro de investimento”, “alargar e realizar uma diversificação mais efetiva de investimento através de uma abordagem multi-ativos” e, por fim, fazer “uma expansão do universo de investimento através de classes de ativos não tradicionais”. Acima de qualquer outro desafio está a liquidez do mercado, que afecta não só alguns ativos tradicionalmente menos líquidos, mas também “aqueles que tradicionalmente têm maior liquidez”. Entende que o risco “moveu-se do sell side (bancos) para o buy side (investidores), como consequência da regulação cada vez mais exigente”.