À contração de 0,2% do PIB alemão no segundo trimestre soma-se agora a quarta queda consecutiva do índice IFO: as dúvidas sobre a força do “motor europeu" estão em cima da mesa.
O índice IFO alemão, visto como um indicador adiantado da atividade empresarial no país, registou a sua quarta queda consecutiva, deixando dúvidas acerca da fortaleza da economia alemã. Holger Sandte, chefe de análise europeia da Nordea, observa que a atividade produtiva caiu, tal como o sentimento no sector do retalho. “Estes dados são preocupantes porque o consumo privado é o principal motor de crescimento para a economia alemã”, indica. Contrariamente, a confiança permaneceu estável no sector da construção.
Os resultados deste indicador do clima empresarial alemão, que se realiza através de um questionário no qual se mede o clima económico, a situação empresarial atual e os prognósticos para o futuro, chegaram depois dos preocupantes dados do PIB alemão no segundo trimestre, quando este se contraiu cerca de 0,2%. O especialista da Nordea considera que, na ausência da publicação de dados do terceiro trimestre, o IFO é indicativo de que não se deverá esperar “mais do que um aumento técnico face ao segundo trimestre, nem uma melhoria guiada pelo momento de mercado”.
Menos tensões geopolíticas seria favorável
No entanto, a opinião de Sandte é de que a Alemanha não está sujeita a possíveis reformas internas como por exemplo a influência do fluxo de shocks externos: “A melhor coisa que poderia acontecer à economia alemã seria um abrandamento das tensões geopolíticas, mas também que França fizesse verdadeiros esforços para reavivar a sua economia, o que vai mais além da mera substituição do governo. Embora eu não esteja seguro acerca do primeiro factor, sou cético em relação ao segundo”.
Por esta altura do raciocínio, o representante da Nordea imita Hamlet perguntando-se: “Quantitative easing ou não Quantitative Easing?”. O especialista considera que estes dados referidos atrás apenas vão servir para aumentar a pressão sobre o BCE para que tome medidas mais extremas, com as quais possa dar impulso para uma recuperação. “O QE está claramente na cabeça de algumas pessoas do Conselho de Governo do BCE”, diz.
Ainda que a suspeita de um alívio quantitativo esteja a “pairar” como hipótese, na perspetiva da Nordea não acontecerá já de momento ou pelo menos durante os próximos meses, dado que as medidas anunciadas por Mario Draghi em junho têm de começar a fazer algum efeito entretanto. Na avaliação que efetua o especialista conclui desta forma: “QE ou não? Irá depender do êxito que os TLTRO terão, mas também de quão baixas serão as expectativas de inflação no quarto trimestre de 2014, e no primeiro de 2015”.