O dinamismo de um fundo long/short no mercado obrigacionista

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Vincent Laurecin e Demian Brazil Créditos: Cedida

A subida das taxas de juro veio trazer oportunidades a um mercado que, segundo os especialistas, há muito se encontrava suprimido pelo peso do papel desenvolvido pelos bancos centrais.

Ao longo dos anos, os especialistas deste mercado procuraram forma de gerar retorno em condições de taxas de juro baixas, e mesmo negativas. É aqui que surge o Lyxor/Chenavari Credit Fund, um fundo long/short que atua no mercado obrigacionista europeu e conta com um portefólio muito dinâmico. Este é um fundo da Amundi Alternative Platform gerido pela Chenavari Investment Managers.

Numa entrevista com a FundsPeople, Vincent Laurencin, director executivo adjunto da Chenavari, revelou os três pilares sobre os quais o fundo está construído: "Descorrelação com o mercado, baixa volatilidade e um esforço para minimizar o drawdown". O processo de investimento visa alcançar retornos absolutos consistentes com baixa correlação com as principais classes de ativos. Para o conseguir, a equipa de gestão visa obter desempenho através de um processo que combina análises top-down e bottom-up.

Vincent Laurencin detalha ainda os principais fatores de diferenciação do fundo. Em primeiro lugar, a sua baixa correlação com a direção do mercado. "É uma estratégia dinâmica long/short com liquidez diária que visa adotar uma abordagem de investimento hedged orientada para a preservação do capital e criação de alfa". Este concentra-se ainda em controlar o drawdown e manter uma baixa volatilidade.

Em segundo lugar, os dois co-gestores do fundo. Juntos contam com mais de 50 anos de experiência combinada nos mercados de crédito, tendo vivido vários ciclos de mercado. "Este profundo conhecimento dos mercados permite-lhes encontrar oportunidades de investimento resultantes de ineficiências impulsionadas por um ambiente de mercado dinâmico". O fundo é gerido por dois co-gestores, Demian Brasil e Stephane Parlebas.

Um 2022 atípico

Como mencionamos, o fundo tem uma carteira muito dinâmica. Demian Brasil, co-gestor do fundo em destaque, explica que "a equipa é muito agnóstica em relação às previsões macroeconómicas. Aspira compreender o cenário atual e a melhor forma de posicionar a carteira para tirar partido da mesma". Desta forma, o fundo tem um turnover muito elevado, resultante dos constantes ajustes realizados. Fazemos muitos trades táticos de curto prazo, quando reposicionamos a carteira olhamos aproximadamente para os 30 dias seguintes.

O início do ano foi bom para o fundo. O fundo começou o ano positivo em crédito, mas cauteloso em relação ao risco de taxas de juro, "a parte longa da carteira foi investida em ativos de curta duração e a parte curta em ativos de longa duração. Este começou com uma exposição líquida negativa ao risco de taxas de juro, mas positivo em relação à sensibilidade do crédito". Desta forma, o repricing da dívida pública funcionou como um vento a favor para o fundo.

À medida que as taxas de juro subiam e os preços das obrigações caíram, os gestores começaram a alterar a carteira. O fundo prefere agora investir em posições com duração longa, mas sempre em empresas de alta qualidade. "Um bom exemplo das empresas que procuramos são as utilities, o tipo de empresas que sofre menos com recessões", explica o co-gestor do fundo.

Em relação ao risco de crédito, a recomendação atual é de manter a calma e ser paciente. O gestor acredita que existe demasiado "prémio de risco descontado no mercado, tendo em conta as probabilidades de incumprimento". Demian Brasil explica: "As empresas europeias de high yield tiraram partido do ambiente de baixas taxas de juro dos últimos anos e alargaram a maturidade da sua dívida. Este processo traduz-se num maior risco de duration para os participantes, mas num menor risco de incumprimento dos emitentes".

As perspetivas para o futuro

Apesar de não depender dela para posicionar o seu portefólio, o gestor deixa o seu palpite sobre o movimento de queda das obrigações: “Acredito que o repricing das obrigações governamentais está 75% concluído”.

Este antevê “trimestres de muita volatilidade”. “O preço das obrigações vai variar muito à volta destes níveis, vai haver um aumento do spread de crédito e vão surgir empresas com valorizações muito atrativas”, estima o co-gestor do Lyxor/Chenavari Credit Fund. Pelo motivo explicado anteriormente, o gestor não prevê muitos defaults em 2023.

Espera-se que estes movimentos gerem muitos inflows para o segmento obrigacionista com os investidores a tentarem tirar partido deste nível de yields. O gestor firma que “estes inflows são necessários para suportar o refinanciamento de dívida que se aproxima".