“O dinheiro fácil já foi conseguido, agora há que procurar razões para se investir na Europa”

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Se quer investir em ações europeias, tem que saber duas coisas: em primeiro lugar, ter em mente que ainda há muito potencial nas subidas.  E em segundo lugar ter noção de que vão ser precisas fortes razões para investir no continente, porque já se esgotaram as “pechinchas”. Estas são algumas das principais conclusões que a gestora de carteiras para clientes da Pioneer Investments, Fiona English, retira. English está em constante contacto com os gestores da empresa, e das múltiplas negociações e encontros com eles retirou uma série de recomendações chave para 2014.

Em primeiro lugar, de agora em diante, deverá ter-se em conta o efeito do que a responsável da Pioneer denomina de “compressão de risco”. Este é um fenómeno produzido pela combinação de quatro factores: os fortes balanços empresariais, a evolução da dívida global face ao crescimento, valorizações convincentes, e o regresso dos investidores internacionais. Este conjunto de variáveis atraiu uma consequência clara: “o prémio acabou”. Perante esta compressão, English considera que a Europa alcançou a segunda fase da recuperação, e nela “há que procurar razões para investir”.

“Quem investia nos Estados Unidos pensando que seria mais seguro, está dar-se conta de que as valorizações estão a cair e já não existe o apoio da Fed, apesar da Europa agora ser mais atrativa”, continua English, que refere que o ponto de viragem dos fluxos de entrada em ações europeias aconteceu em junho de 2013. “É o início da tendência de regresso dos investidores às ações europeias”, declara a especialista.

Riscos que a Europa enfrenta

Neste contexto, não se pode ignorar os riscos atuais que enfrenta o velho continente. O primeiro tem a ver com o facto de eventualmente se atingir um crescimento do PIB inferior a 1,3% em 2014, o que pode decepcionar o mercado. Isto poderia acontecer em parte por causa da subida do euro, que “está a suavizar os PMI”, segundo diz English que, com isto, justifica os cortes feitos pelo BCE nas taxas de juro, até ao mínimo histórico de 0,25%. Por outro lado, ainda não aconteceu o esperado aumento no consumo, previsto para este trimestre, pelo que é provável que os benefícios não subam tanto. O segundo perigo é a fragmentação de crédito, dado que a especialista observa que vai continuar a ser mais fácil o acesso ao mercado para as empresas dos países do centro da Europa em relação às periféricas.

O terceiro risco advém da liquidez, que continua em queda.  Por isso, English está convencida de que no final do primeiro trimestre de 2014, o BCE vai anunciar a criação de vias alternativas para injetar liquidez no mercado de forma a sustentar o financiamento das empresas.

Como se posicionar

O dinheiro fácil já foi conseguido, agora há que procurar razões para investir na Europa”, enfatiza a responsável de carteiras de clientes, que dá três pistas para se poder entender a conjuntura do mercado. Em primeiro lugar, recomenda que se olhe para as empresas que já tenham capitalizado sobre o crescimento, já que “a divergência entre empresas vai ser muito mais notória a partir de agora”. O segundo conselho tem a ver com a posição da Reserva Federal acerca da retirada de estímulos, que está a causar algum aumento de volatilidade. Em terceiro lugar, muitas empresas estão a procurar “um catalisador  para continuar a crescer”. English acredita que esse catalisador poder ser uma surpresa positiva para o PIB ou um aumento dos benefícios das empresas. Em qualquer dos casos, “algo tangível”.

Apesar de 2014 ir dar retornos de dois dígitos, primeiro irá produzir-se uma correção no final do ano”, avisa a especialista. Parte desses aumentos são justificados por causa dos retornos dos investidores internacionais, que, ao contrário do que se passou no passado, agora não estão a construir posições táticas, mas sim a vir para ficar. Também se coloca a questão da potencial tendência de subidas: apesar de Wall Street já estar a negociar cerca de 30% acima do seu record de benefícios, o mercado europeu encontra-se em média cerca de 20% abaixo. English acredita que se irá produzir uma convergência entre ambos os mercados durante os próximos anos.

Tendo em conta este contexto, a chave para um posicionamento estratégico, na opinião da especialista, passa necessariamente pela busca de gestores que sejam capazes de gerar alfa para maximizar o investimento. Para além disso, também aconselha a que se seja prudente com a diversificação, que deve ser “apropriada para evitar uma diluição de rendimentos”. Na gestora apostam em carteiras de alta convicção, concentradas (entre 35 e 45 títulos), nas quais se incluem títulos que tenham caraterísticas de valor e crescimento. “Estar demasiado exposto somente ao crescimento, ou apenas ao valor é um risco de não superar o mercado: preferimos análises blend de forma a maximizar os ganhos”, afirma a especialista, que acrescenta que “cada vez mais investidores estão a fixar-se nas ações e a ideia é dar benefícios mas com menos volatilidade”. As apostas concretas da Pioneer para aproveitar este contexto são os fundos Pioneer Funds – European Equity Target Income e o Pioneer Funds – Top European Players.