Precisamente há um ano a Europa era o mercado mais recomendado pelos responsáveis das gestoras internacionais. Doze meses depois, a aposta por ações europeias mantém-se embora com menor intensidade. Comparando os resultados do inquérito realizado há um ano pela Funds People com as mesmas entidades, verifica-se que algumas das casas que antes elegiam um fundo europeu como fundo estrela para 2013, hoje têm como primeira opção estratégias de ações globais. Também há aquelas que escolhiam como destino o mercado acionista norte-americano e que agora se deixaram encantar pelas valorizações europeias. Leia aqui as escolhas para 2014.
AMUNDI
A eleição de Nuria Trio, diretora general adjunta de vendas da Amundi para a Ibéria, é o First Eagle Amundi International Fund, gerido pela boutique norte-americana First Eagle IM, com um estilo valor. Da gestora francesa definem o fundo como uma estratégia valor, oportunista para aqueles investidores que procuram um rendimento consistente a longo prazo e a preservação do capital em tempos de incerteza. “Trata-se de um fundo global gerido com a flexibilidade necessária para poder beneficiar de oportunidades de investimento em todo o mundo, sem restrições geográficas, sectoriais ou de capitalização”. A equipa gestora Global Value da First Eagle, considera que o futuro é incerto e que não se pode predizer de forma exacta como se vão comportar os mercados no curto prazo. Por isso, a carteira não se constrói baseando-se em prognósticos sobre cenários particulares de mercado, mas sim num investimento em empresas quando estas estão cotadas a preços abaixo do seu valor intrínseco estimado. “Investindo a longo prazo em empresas sólidas com esta ‘margem de segurança’ minimiza-se o risco de perda de capital e captura-se o potencial de subida da acção” O fundo recebeu 5 estrelas por parte da Morningstar.
BLACKROCK
O fundo selecionado por Luis Martín, diretor de vendas para os segmentos retalho e institucional da BlackRock, é o produto de ações globais: BGF Global Equity Income Fund. O fundo investe globalmente menos de 70% dos seus ativos totais em ações de empresas domiciliadas, ou que desenvolvem uma parte predominante da atividade económica, em mercados desenvolvidos. 41% do fundo está investido em Estados Unidos, mercado no qual apresenta uma subexposição relativamente ao benchmark (46%). Pelo contrário, o fundo tem uma sobrexposição a Reino Unido, Suíça, França e Suécia. Por sectores, os que têm mais peso são consumo básico, cerca de 30% da carteira, o triplo do peso que este sector tem no MSCI World Index (10%). Com um peso igualmente superior estão as empresas do sector da saúde e telecomunicações. No outro extremo situa-se o sector financeiro, ao qual o gestor tem uma clara subexposição (o peso na carteira é de 6,7% face à ponderação de 21,7% que tem no índice de referência).
DEAWM
Apesar da forte recuperação dos mercados acionistas desde o começo da crise financeira em 2008, no Deutsche Asset & Wealth Management mantêm uma visão construtiva sobre os ativos de risco para os próximos doze meses. No entanto, na equipa de Pedro Dañobeitia reconhecem que os drivers são propensos à mudança. “Em 2012 e 2013 os mercados foram impulsionados principalmente pela expansão em diferentes âmbitos. Para 2014 prevemos que a melhoria da atividade económica seja o motor para um maior crescimento da rendibilidade”. O ponto-chave do cenário da gestora alemã centra-se numa aceleração macroeconómica que se traduz num maior crescimento dos lucros. Segundo explicam, as empresas europeias deverão beneficiar-se de ambos – uma maior estabilização macroeconómica nos seus mercados nacionais e o aumento das exportações. Contrariamente ao que acontece nos Estados Unidos, a rendibilidade das empresas europeias está, porém, muito abaixo dos níveis anteriores à crise. A aposta em ações do DeAWM para 2014 será o DWS Invest Top Euroland, fundo gerido por Britta Weidenbach.
FIDELITY
A eleição da equipa da Fidelity Worldwide Investment é o FF America Fund. As ações norte-americanas foram beneficiadas enquanto classe de ativos em diferentes momentos da crise creditícia, o que levou a que esta voltasse à sua média histórica. Se somarmos níveis de volatilidade relativamente baixos, verificamos que não há preocupações relativamente a problemas estruturais mas apenas uma complacência no mercado, o que faz com que a equipa liderada por Sebastián Velasco seja cautelosa. “Não obstante, a economia dos EUA continua a melhorar e a recuperação do emprego e do imobiliário reforçam a confiança do consumidor apesar das recentes subidas dos impostos. A recuperação tem ainda muita margem de manobra, uma vez que existe um considerável número de trabalhadores desempregados e a atividade de construção de casas permanece abaixo da sua tendência”, argumenta o responsável da Fidelity para Portugal e Espanha. “Ao mesmo tempo, quando a incerteza em torno das contas públicas se dissipar, a confiança das empresas deverá aumentar e traduzir-se num aumento do investimento empresarial que ajudará a compensar o corte orçamental no sector público. Neste contexto, o gestor do fundo procura empresas baratas nas quais os lucros poderão superar as expetativas devido à sua exposição a motores económicos ou a iniciativas internas independentes da economia”, explica.
FRANKLIN TEMPLETON
A escolha de Ramón Pereira em ações é o Franklin European Growth. O responsável da Franklin Templeton para a Ibéria seleciona este fundo pelo facto de ter sido capaz de bater o MSCI Europe a um, três, cinco e dez anos, assim como desde o seu lançamento. “O fundo, co-gerido por Michael Clements, procura as 30 melhores ideias de investimento (historicamente moveu-se entre as 25 e as 45 posições). A carteira é construída através de uma seleção pura de empresas com um horizonte temporal de cinco anos, muito centrado no controlo de risco e sem ter em conta o índice de referência. As três características que os gestores procuram nas empresas que analisam são: crescimento, qualidade e valorização. “É importante destacar que, apesar de gerir uma carteira relativamente concentrada, a importância da gestão do risco fez com que o fundo fosse historicamente um dos menos voláteis da sua categoria”, afirma.
J.P.MORGAN AM
Durante 2014 na J.P.Morgan AM esperam continuar a assistir à recuperação da economia europeia, com taxas de crescimento baixas, mas observando a materialização da mesma em muitos países da região. “Há que ter em conta que num só ano, a perceção do mercado sobre a União mudou de forma substancial. No verão de 2012 discutia-se a viabilidade do projeto e a moeda única, enquanto atualmente o que causa preocupação é a inflação ou o crescimento, ou seja, estamos num cenário normalizado”. A aposta de Javier Dorado, diretor geral da J.P. Morgan AM para Ibéria, é o JPM Europe Equity Plus, fundo que investe em empresas europeias com o objetivo de ultrapassar o MSCI Europe, e que, segundo explicam, tem uma particularidade face a muitos outros fundos da sua categoria: pode ter posições curtas, o que permite à equipa gestora beneficiar tanto de empresas que têm um bom comportamento como as que não têm. “Essa maior flexibilidade traduz-se num maior leque de oportunidades e uma gestão mais eficiente do risco. Os números do fundo desde o lançamento são extraordinários”, afirmam.
PIONEER INVESTMENTS
Para 2014, na Pioneer Investments continuam positivos para as ações pela sua valorização e pelos atrativos dividendos oferecidos por muitas empresas. “Continuamos a preferir o mercado acionista europeu, porque as suas valorizações são muito atrativas, as suas empresas têm sido castigadas pela crise da Zona Euro e pelo dividendo que oferecem muitas empresas, em média superior a 4%”, referem Almudena Mendaza e Teresa Molins, diretoras de vendas da Pioneer Investments para a Ibéria. No atual enquadramento, ambas acreditam que a temática “procura por rendimento” tem muito sentido. “Apostamos pela temática de searching for income em fundos de ações, que investem em empresas que geram um bom dividendo e utilizam adicionalmente uma estratégia de opções para aumentar o rendimento e reduzir a volatilidade das ações”. O fundo no qual colocarão mais ênfase em 2014 será o Pioneer Funds-European Equity Target Income. Trata-se de um fundo que investe em empresas europeias que distribuam dividendos, com o objetivo de poder distribuir um rendimento anual ao participante, numa periodicidade semestral.
SCHRODERS
A classe de ativos favorita da Schroders para o ano novo são as ações e, neste sentido, na gestora consideram que os investidores continuarão a aumentar a sua exposição à mesma. A eleição de Carla Bergareche, diretora geral da entidade para Ibéria, é Europa. “Gostaríamos de destacar o potencial do mercado acionista europeu dado o enquadramento macroeconómico mais positivo. A economia europeia tocou no fundo e, a partir de agora, esperamos um crescimento do PIB positivo e revisões em alta dos ganhos. Apesar da subida do mercado, as ações continuam a ser mais atrativas que as obrigações e as suas valorizações permanecem mais atrativas face às registadas noutras regiões e à sua própria história. Por outro lado, embora continuem a existir riscos, acreditamos que o exercício de revisão da qualidade dos ativos, conhecido como “Asset Quality Review” ou “AQR”, restaurará a confiança no sistema bancário europeu. Além disso, o final do programa de flexibilização monetária nos Estados Unidos deverá ter um impacto mínimo no mercado acionista europeu. O que assume agora total importância é o processo de seleção dos ativos”, afirma Bergareche. Por tudo isto, na Schroders apostam no Schroder ISF Euro Equity, um fundo dedicado à seleção de empresas da Zona Euro com mais de 15 anos de histórica e cujo gestor actual, Martin Skanberg, acaba de cumprir três anos na liderança do produto, proporcionando rendibilidades que se situam no primeiro quartil (desde a data que assumiu a gestão do fundo).
UBS GLOBAL AM
A preferência de Juan Infante, diretor da UBS Global AM para Ibéria, são igualmente as acções europeias, concretamente o UBS (Lux) Equity SICAV-European Opportunity Unconstrained, fundo gerido por Max Anderl. Segundo explica, a crise da dívida europeia gerou volatilidade e medo nos investidores, circunstâncias que deixaram a descoberto muitas oportunidades de investimento. De facto, na gestora suíça consideram que as cotações atuais ainda refletem um cenário de recessão económica na Europa, o que denuncia que ainda há espaço para uma maior subida do mercado acionista. “A seleção de ativos que é adoptada pela entidade baseia-se na avaliação das oportunidades associadas aos riscos, incluindo o investimento em empresas de pequena e média capitalização e também a possibilidade de construir posições curtas”.