O momento da dívida high yield brilhar

high yield obrigacoes fundos
Créditos: Joseph Greve (Unsplash)

A FundsPeople esteve presente no almoço organizado pela equipa de fixed income da Jupiter Asset Management. Naturalmente, o tema focou-se no mercado de dívida, o atual posicionamento da equipa de fixed income as principais oportunidades dentro desta classe de ativos. Com a subida das taxas de juro e o risco de uma recessão, este mercado tem estado no centro de muitas discussões. O consenso: finalmente existem oportunidades dentro deste mercado.

Destaca-se a visão que Adam Darling, gestor do fundo Jupiter Global High Yield Fund, partilhou sobre o mercado de dívida high yield. Comecemos pelos números.

Os spreads de crédito em dívida high yield global encontram-se cerca de 150 pontos base acima da média histórica dos últimos 10 anos. O gestor destaca: “Este dado deve ser interpretado com cautela. Dentro deste tipo de dívida há diferentes regiões. Diria que a dívida high yield americana ainda está bastante cara, enquanto a dívida europeia e de mercados emergentes está muito mais barata. Esta interpretação está relacionada com o sentimento. Um sentimento menos depressivo no mercado americano faz com que este tipo de dívida consiga spreads inferiores, em parte justificado pelos inflows dos investidores.

Também ao nível da yield to maturity a média fica muito abaixo dos níveis atuais. A nível global, contamos com uma yield to maturity de cerca de 8,5%, um valor superior em 2 pontos percentuais à média dos 10 anos. Num cenário de subida de taxas de juro gradual, o impacto seria menor neste tipo de instrumento devido à baixa duration associada a este mercado, cerca de quatro anos, no entanto, este ano, assistimos a subidas grandes e bruscas”. Adam Darling, destaca que este nível de yields, se olharmos para os dados históricos, é o ponto ideal para começar a gerar retorno: “A este nível, 90% das vezes os investidores geraram retorno positivo e 60% das vezes geraram retornos superiores a 10%”.

Posto isto, a tese do especialista é de que esta é um momento muito interessante para investir no mercado de high yield, nomeadamente no mercado europeu. Está na altura de começar a olhar para as empresas, analisar risco de crédito e perguntar: esta emissão está barata ou apenas mais barata?

A subida dos níveis de default

Para o gestor, estamos num momento de mercado em que se vai sentir as diferenças entre as boas empresas e as empresas de fraca qualidade. “As empresas de fraca qualidade não se vão conseguir financiar a estes níveis, vão entrar em default. Por outro lado, se forem empresas de boa qualidade, com níveis de liquidez elevados e com a confiança dos investidores, o cenário será diferente.

Nos últimos 5 anos, em média, a taxa de default esteve sempre abaixo dos 3%. Mesmo durante a pandemia, a taxa de default estava controlada devido ao forte apoio das entidades governamentais. No futuro, espera-se uma situação diferente. “Vamos ter que estar mais atentos. Empresas que não considerávamos em risco de incumprimento há um ano agora podem estar, devido ao cenário macroeconómico que se avizinha”, explica. O gestor do fundo da Jupiter Asset Management, no entanto, destaca mais uma vez o papel da gestão ativa: “Mesmo que as taxas de default subam para 5%, como gestor ativo não me entristece, pois os outros 95% vão estar lá para mim. É sobretudo um momento ótimo para esta classe de ativos”.

Por fim, o gestor reservou tempo para comentar a mudança de paradigma na relação devedor - credor. Em condições de mercado favoráveis, o poder está todo do lado das empresas que emitem as obrigações. Assistimos a cenários de má gestão empresarial, alavancamento excessivo e baixas yields para compensar o risco. “Agora o poder está do lado dos investidores, as empresas estão fracas e não se conseguem financiar. São os investidores que escolhem em que empresa confiam o seu dinheiro e, adicionalmente, são remunerados com cupões duas a três vezes superiores”.