Os movimentos mais recentes na carteira do fundo refletem convicções marcadas e uma gestão de risco minuciosa.
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Fundo favorito dos Analistas do sul da Europa e Blockbuster ibérico (selos A e B da Funds People), o Legg Mason Western Assets Macro Opportunities Bond Fund tem mostrado estar à altura das exigências dos investidores mais sofisticados, providenciando desde a sua criação, em 2013, mais de 30% de rentabilidade absoluta e um Sharpe Ratio superior à unidade. Gerido pela Western Asset, uma filial da Legg Mason Global Asset Management, esta estratégia é qualificada como “a estratégia mais ativa e de maior alfa” gerida pela casa de investimentos norte-americana. Quem o diz é Amanda Stitt, managing director na Legg Mason e a especialista que veio a Portugal descrever e explicar o mais recente posicionamento do fundo.
A gestão com base num orçamento de volatilidade, em detrimento de um objetivo de retorno diferencia um pouco a estratégia das demais. “O retorno é um outcome da gestão, não um input. A melhor maneira de gerir as posições no portefólio é com base na quantidade de volatilidade que temos disponibilidade de suportar”, explica Amanda Stitt. E assim tem sido desde a criação da estrutura UCITs. Uma volatilidade de 6%, expectável “numa estratégia que reflete tantas posições de convicção”, mas um retorno bruto de cerca de 10%.
Emergentes, emergentes, emergentes...
“O segmento que mais gostamos? Emergentes! As moedas que mais gostamos? Emergentes! A volatilidade que não gostamos? Emergentes!”, diz em tom de brincadeira, Amanda Stitt, destacando, contudo, o impacto negativo que a volatilidade teve no fundo nos últimos meses. “O fundo usufrui do rebalanceamento de relações de mercado que se quebram”, comenta, e os mercados emergentes representam para a Western Asset uma oportunidade. “É muito fácil explicar as nossas convicções. A nossa maior sobre ponderação em emergentes é ao rublo russo. Temos vindo a adicionar posições ao longo dos mais recentes episódios de volatilidade. A Rússia tem-se comportado bem a nível fundamental. Historicamente tem mostrado uma elevada correlação com os preços do petróleo, mas, mais recentemente, essa relação quebrou-se. O petróleo subiu e o rublo desceu e acreditamos que esta situação irá ser corrigida pelo mercado”, explica a especialista.
Outra moeda que tem ganho peso na carteira do fundo é o peso mexicano. Na Western Assets acreditam que o México se encontra fundamentalmente saudável e representa uma boa oportunidade, considerando que a Europa, China e EUA são os seus principais parceiros comerciais, e qualquer destas economias está a crescer. Isto apesar de as eleições se aproximarem: “Vemos alguma volatilidade decorrente das negociações na NAFTA, alguma das eleições presidenciais, mas do ponto de vista das valuations, é uma oportunidade impressionante”.
Ainda na América Latina, é a vez da Argentina, na figura do peso argentino. “O investimento na Argentina é suportado por uma história de longo prazo. Gostamos de Macri e das lentas reformas que se estão a implementar no país. O país tem sido prejudicado por vários fatores, incluindo o recente fortalecimento do dólar, e as taxas subiram para níveis de 40%. Se acreditamos numa história de progressiva melhoria, com obrigações a três anos a pagar 40%, conseguimos certamente tolerar a volatilidade”, explica Amanda Stitt.
Mas como gerir esta volatilidade sem esgotar o orçamento? A resposta é simples para a managing director da Legg Mason: “Com moedas de mercados emergentes”. E isso é visível no posicionamento da carteira, principalmente curta ao nível de moedas de países asiáticos. “’Shortar’ moedas asiáticas é barato. A grande maioria dos países asiáticos apresenta yields inferiores às dos treasuries. Em algumas moedas somos inclusivamente pagos para tomar posições curtas. Mas são moedas correlacionadas com as posições longas em carteira e se houver uma escalada de uma guerra comercial vão amenizar a volatilidade do fundo”, explica.
... e Estados Unidos da América
O fundo viu a sua exposição aos EUA a crescer para uma duration de 7 anos através de posições em treasuries. “Quando Donald Trump foi eleito em novembro de 2016 não previmos que as taxas se movimentassem na magnitude que fizeram. Mas mantivemo-nos fiéis às nossas convicções. Num par de meses o mercado normalizou e as treasuries foram a nossa maior fonte de alfa no ano passado. Acreditamos que estamos no mesmo tipo de contexto agora. As yields vão corrigir, certamente”, comenta. Desta forma, a carteira está alocada aos prazos muito longos - 20 e 30 anos - e mais curtos da curva - 2 e 5 anos. Prazos que a equipa considera refletirem um desajuste das expectativas face à realidade e proporcionarem a maior exposição a esses ajustes.
O risco de duration adicionado pela exposição aos EUA é ‘financiado’ pela duration europeia, nomeadamente através de posições curtas em bunds. “Novamente, como ambos os ativos são muito correlacionados conseguimos equilibrar a volatilidade investindo num país que tem uma yield interessante e ‘shortando’ o país que não tem praticamente yield. Tem sido um trade excepcional”, exclama.
Finalmente, o crédito. “Temos vendido muito crédito desde 2016. Temos verdadeiramente retirado o segmento da equação por questões de valuation. Mas adicionámos taticamente alguma exposição ao longo do último par de meses porque achamos que o alargamento dos spreads se vai rebalancear no curto prazo. Como o objetivo é sermos táticos, usamos credit default swaps para o efeito, já que providenciam a liquidez e flexibilidade que precisamos”, conclui.