Os co-gestores da estratégia falam: as suas apostas para 2019, ideias de investimento e manter o espírito contrarian.
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“Pensamos apenas em trabalhar, trabalhar e trabalhar de novo para cumprir as expectativas dos nossos clientes”. Fala a nova equipa no comando do fundo-bandeira da Carmignac: o Carmignac Patrimoine. Rose Ouahba, responsável de obrigações, e David Older, responsável de ações, assumiram as rédeas do fundo após estar 30 anos nas mãos do fundador da boutique parisiense, Edouard Carmignac. “Vamos dar o nosso próprio enfoque ao fundo, mas asseguramos-lhes que a flexibilidade que caracterizou o mandato irá perdurar”, assegurou Older, no âmbito da conferência anual em Paris.
O ano de 2018 fechou com uma reação negativa do mercado a um contexto de menor liquidez, bancos centrais mais hawkish e um crescimento global em queda. O fundo sofreu com uma aposta de um euro mais forte e com os mercados emergentes assim como com o aumento da volatilidade na Itália e Argentina.
O arranque de 2019 foi mais positivo, mas da gestora asseguram continuar com um tom de cautela. Estão atentos às oportunidades que surgiram após as correções, mas também estão conscientes em encontrar o equilíbrio exato de risco. “Não é o momento de entrar em força, uma vez que os astros não estão alinhados de todo e estão longe de o estar”, assegura Ouahba.
Encontrar o equilíbrio
Ouahba e Older são agora os únicos responsáveis pela tomada de decisões no fundo, uma vez que Edouard Carmignac assumiu o papel de diretor de investimentos da casa. “Mas somos um fundo global e não estamos sozinhos no dia-a-dia”, asseguram. A gestora fez um esforço nos últimos anos para reforçar a geração de propostas de investimento e dar maior protagonismo aos seus analistas. O que curiosamente confirma o que defendem: as apostas concretas que comentaram durante a apresentação vinham acompanhadas dos analistas que geraram a ideia. Dentro delas, há três que se destacam.
1- "Jogar" a curva americana com uma Fed em pausa
Analisando os últimos dados do ISM de produção industrial dos Estados Unidos verifica-se como a economia americana está a perder impulso. Para a equipa da Carmignac, isso aumenta as possibilidades de que a Reserva Federal mude de rumo. Atualmente, isso irá significar uma pausa no caminho das subidas. Isto reflete-se na carteira com uma estratégia de uma curva mais íngreme: longos em short-term yields (que se beneficia de uma Fed mais dovish) e curtos em long-term yields norte-americanas (que irão sofrer com o déficit progressivo dos Estados Unidos e porque a Fed já não compra ativamente os segmentos longos do Tesouro).
2- O BCE também irá levar o seu tempo
A empresa já defende há algum tempo que as yields alemãs e os restante países core da Europa deverão subir em consonância com a inflação e a recuperação económica. “Já não é o caso”, afirma honestamente Ouahba. As expectativas de inflação a cinco anos caíram significativamente, o que implica que o Banco Central Europeu também “irá levar o seu tempo”. A especialista acha possível até uma nova ronda de TLTRO para a banca daqueles países com dificuldades nos seus non-performing loans. Na carteira reflete-se uma aposta nos soberanos de Itália e Espanha.
3- Em ações, longe dos cíclicos
A bolsa assumiu um papel cada vez mais importante na carteira do Patrimoine, de acordo com a importância que Older adquiriu na gestão. Para os próximos meses, afirma estar à procura de empresas de qualidade, visibilidade nos seus resultados e um balanço sólido. E encontra estas características em setores como o consumo discricionário, a saúde e a tecnologia (o ponto forte de Older). “Estamos a afastar-nos do cíclico e da alavancagem num contexto de condições financeiras mais restritivas”, conta o especialista.
Encontram oportunidade em duas ideias contrárias. Após a correção na metade de 2018, no Facebook retomaram a posição. “Há uma negatividade extrema de volta desta empresa”, assegura Older. Há receios de que os anos de crescimento de utilizadores no Facebook estejam no passado, algo que o especialista não nega, mas aquilo que não se está a ter em conta é que continua a ser a maior plataforma de utilizadores. “Os anunciantes contam-nos que continuam sem poder encontrar alternativas que lhes deem uma audiência tão dirigida (targets) como eles”. Outra empresa ganhadora é o Instagram. É um mundo onde passear pelos centros comerciais começa a ser arcaico, “acreditamos que poderá tornar-se na plataforma líder em compras”. Nessa linha de pensamento, veem a JD.com, a plataforma e-commerce líder da China, como outros dos possíveis ganhadores de 2019.