Carlos Pinto, gestor sénior de Investimentos da Optimize IP, comenta o impacto das últimas eleições europeias no panorama político em França, alarmando os investidores em ações e títulos de dívida franceses.
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O gráfico que apresento esta semana é a evolução do spread da taxa de juro a dez anos entre dívida governamental portuguesa e a congénere francesa ao longo dos últimos cinco anos.
O impensável patamar negativo foi atingido no rescaldo das eleições europeias, com o mercado a incorporar um maior risco à dívida francesa face à portuguesa.
De facto, as últimas eleições europeias lançaram um terramoto político em França. O presidente E. Macron viu-se forçado a dissolver o parlamento e a convocar novas eleições perante o crescimento das forças partidárias mais extremistas, principalmente pela diferença expressiva do partido de extrema-direita, Rassemblement National, face à aliança centrista de E. Macron. As últimas sondagens para a eleição de 30 de junho antecipam uma vitória do partido de M. Le Pen com 35%, a Frente Popular, a aliança dos partidos de esquerda com 26% e a aliança mais centrista de Macron apenas com 18%. Significa que o risco de entrada de uma força governamental extremista é grande, mas também não é menos alarmante o risco de ingovernabilidade.
Estes cenários de incerteza estão alarmar os investidores, não só nas ações francesas como até dos seus títulos de dívida. As taxas de juro das obrigações governamentais, alta qualidade de crédito (AA), acabaram inclusivamente por superar a yield de países periféricos como Portugal, que se situa cinco níveis abaixo (A-).