Bruno Minoya Perez. Créditos: Cedida (Banco Carregosa)
No 'Chart of the Week' desta semana, Bruno Minoya Perez, diretor de Banca Privada do Banco Carregosa, comenta o crescimento desta classe de ativos.
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A crescente preocupação da humanidade com as alterações climáticas, mobiliza cada vez mais os investidores na seleção dos seus investimentos tendo em consideração o tema central da sustentabilidade e a relação direta deste tema com o consumo de bens e serviços.
Os desafios que hoje se colocam, em particular o investimento socialmente responsável, a economia circular, a biodiversidade e a taxonomia europeia das finanças sustentáveis, obrigam a que as estratégias empresariais gerem um goodwill “sustentável” não apenas junto dos seus acionistas, mas também junto dos restantes stakeholders - sejam eles fornecedores, parceiros, clientes ou quaisquer outros.
Mais do nunca, importa assegurar o equilíbrio entre o crescimento económico e a sustentabilidade empresarial e, promover o contributo e o impacto positivo na comunidade onde se inserem, através da defesa dos valores e dos princípios éticos. Aqui, tal como à mulher de César, não basta parecer, também importa que seja.
Por isto, é sem surpresa e com algum agrado, que observamos desde o início do ano de 2020, a um aumento significativo do share nos portfolios de investimento com origem nas empresas que evidenciam o compromisso para com o tema ESG (Environmental, Social and Governance).
Assim pela análise ao gráfico podemos verificar que, ao longo de 2020, mesmo com o agravar da pandemia, os montantes investidos na categoria de ETFs ESG cresceu significativamente e de forma sustentada, por oposição aos ETFs Main Indexes, que registaram uma tendência negativa entre fevereiro e junho, o que indicia resgates por partes dos investidores nos veículos que seguem os índices gerais de mercado. De notar, que os montantes investidos nos ETFs Main Indexes, apenas recuperaram no segundo semestre, embora para montantes inferiores aos alocados em ativos ESG, o que mostra a forte apetência dos investidores nesta categoria de instrumentos.
Entendemos que a escolha dos investidores por estes ativos é um reflexo da preocupação que verdadeiramente têm relativamente à pegada ecológica, impacto ambiental e dimensão social, mas que é, simultaneamente, pautada pelo potencial e bom equilíbrio do binómio risco/retorno a longo prazo.
Importa também referir que o foco do desenvolvimento sustentável, tem contado com o forte compromisso das Organizações Internacionais, não só através do Acordo de Paris que lançou os OSD (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e a Agenda 2030 das Nações Unidas, mas também através da recente criação do instrumento de recuperação europeia pós covid aprovado pela Comissão Europeia. Este último, apoiado por pela taxonomia das finanças sustentáveis, permite garantir que os investimentos e os subsídios europeus se destinarão a apoiar atividades que promovam e incentivem a sustentabilidade ambiental.
Em suma, a sustentabilidade é hoje em dia um imperativo económico, político, social, ambiental e regulatório, transversal a todos os sectores de atividade e a todos os investidores (retalho e institucionais), em particular, junto dos investidores e/ou consumidores da geração “Millennials” (nascidos entre 1981-1996 e que atualmente são a geração com maior número de indivíduos), que se destaca nos estudos pela elevada preferência e seleção de produtos produzidos e/ou comercializados por empresas ambiental e socialmente responsáveis.
Pelos argumentos acima referidos, continuarei a monitorizar este gráfico, dado acreditar que a apetência por esta classe de ativos não é conjuntural mas sim estrutural, facto esse que indiciará um aumento dos montantes investidos em ETFs ESG nos portefólios dos investidores.