Chart of the Week - Risk Appetite Index

Manuel Moura. Créditos: Cedida (LFO)

Chart of the Week é da autoria de Manuel Moura, head of Research no Lisbon Family Office.

Nos últimos meses, os mercados financeiros foram marcados por um sell-off massivo na área de growth acompanhados por quedas em quase todas as indústrias que não energia e banca. As avaliações destas empresas estavam em máximos históricos e os riscos de mercado amontoavam-se, inclusive o de uma postura mais hawkish por parte da Fed, que se veio mesmo a confirmar.

Desde então, as quedas de cotações trouxeram os múltiplos de empresas, sobretudo em áreas tecnológicas, para valores historicamente mais aceitáveis. Para alguns investidores e analistas de Wall Street, o mercado poderá já ter corrigido o suficiente, sendo que o sentimento, que há um ano era de euforia, passou a ser demasiado pessimista.

Neste gráfico, observamos exatamente esse fenómeno, com o índice de apetite para risco da GS, que está num valor extremamente baixo. Este valor só foi atingido nas grandes correções dos últimos cinco anos, como durante a queda de mercado do início da pandemia da Covid-19 e na queda de dezembro de 2018 pelo aumento sucessivo das taxas de juro por parte da Fed.

Embora estejamos a viver momentos de incerteza com a guerra na Ucrânia e todas as suas potenciais consequências, e que a volatilidade continue muito alta, existe uma boa possibilidade que o sell-off já tenha descontado os aumentos de taxas de juro e normalizado os múltiplos, que em muitos casos estavam em valores insustentáveis. Neste momento é realmente importante começar a pensar se o trade-off risco-retorno já se encontra atrativo o suficiente para aumentar a exposição a ações tecnológicas e de empresas com taxas de crescimento elevadas. Estas são representadas por índices como o Nasdaq que já caiu sensivelmente 18% no ano, ou pior, por ETF como o ARKK Innovation ETF, que tal como inúmeras small e mid-caps, teve uma queda de 35% no ano, corrigiu à volta de 60% no total, e voltou aos níveis pré-Covid. No entanto, se estas empresas não recuperam no curto prazo pode ser muito mau sinal.