Esta semana vou estar de olho... na Reunião do Conselho de Governadores do BCE

Luis Barata Correa novobanco
Luís Barata Corrêa. Créditos: Cedida

Esta semana vou estar de olho... é da autoria de Luís Barata Corrêa, do departamento de Desenvolvimento e Marketing do novobanco.

O consenso aponta para que o BCE inicie o processo de normalização da sua política monetária com uma subida de 25 bps na sua taxa diretora e sinalize para setembro mais uma subida de 50 bps. A taxa da facilidade de depósito passaria, assim, de -0.50% para -0.25% esta semana e para 0.25% em setembro. No entanto, poderá haver surpresas, como ocorreu com a Reserva Federal no mês passado.

O mandato do BCE é claro: controlar a inflação com o objetivo de estabilizá-la nos 2% no médio prazo. No entanto, os Governadores dos Bancos Centrais da Zona Euro na reunião de 21 de julho terão de tomar em linha de conta muitas variáveis que influenciam o cenário macroeconómico e a estabilidade da Zona Euro, nas quais destacam-se:

  1. aprovar uma ferramenta eficaz que evite a fragmentação da dívida pública entre a dívida periférica e core, cada vez mais urgente face à recente instabilidade política em Itália;
  2. avaliar os impactos económicos e sociais de um aumento da magnitude do choque energético. A Rússia, na sua política de contra-sanções à Europa, poderá optar por reforçar a transferência das suas exportações de petróleo e gás natural da Europa para outros blocos económicos (e.g. China e Índia);
  3. comunicar melhor com o mercado, transmitindo um discurso firme e de unanimidade, que retire margem de manobra a movimentos especulativos.

O Banco Central Europeu vai ser a última Autoridade Monetária de referência a iniciar o processo de normalização da sua política monetária, sendo acusado por muitos de se ter atrasado. A Zona Euro ganharia muito se repetisse a determinação firme apresentada por Mario Draghi, há exatamente 10 anos, quando anunciou que o BCE estava preparado “to do whatever it takes” para salvar o euro.

Zona Euro: IPC – Taxa de variação homóloga (%)